quarta-feira, 3 de junho de 2009

Uma explicação para a crise financeira americana. Eis aí uma explicação que a gLOBO e Miriam Leitão jogaria na lata de lixo …

Do site: http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=11650#comment-103974

Os amigos navegantes Leonardo Nunes e Tomas Rotta traduziram uma versão abreviada de conferência do professor Richard Wolff, da Universidade de Massachusetts, sobre a crise financeira americana.
Em resumo: nunca os empresários (especialmente os bancos) lucraram tanto; nunca os trabalhadores ganharam tão pouco; os empresários decidiram que melhor do que pagar salários mais altos era emprestar aos trabalhadores com garantia das casas que os trabalhadores compravam; para compensar a queda dos salários reais, os trabalhadores hipotecavam as casas várias vezes; o primeiro que deixou de pagar a hipoteca … o capitalismo bateu no ventilador …
Entendendo a crise mundial por: Richard Wolff, da Universidade de Massachusetts.
“When Capitalism Hits the Fan”
Este é o título da conferência ministrada por Richard Wolff, professor de Economia da University of Massachusetts at Amherst, na qual ele apresenta sua interpretação para a crise “financeira”.
As aspas aqui são propositais, pois denotam a intenção do referido professor em afirmar que não se trata de uma crise específica do setor financeiro, mas sim uma crise sistêmica que tem sua origem na estagnação dos salários reais na década de 1970.
A tese apresentada pode ser resumida como se segue: entre os anos de 1820 e 1970, nos EUA, o crescimento dos salários reais acompanhou o crescimento da produtividade do trabalho. Entretanto, a partir de 1971-1973, após a ruptura dos acordos de Bretton Woods, que diz respeito ao arranjo monetário vigente no período pós-guerra (1945-1973), tal tendência não mais se verificou, ou seja, a produtividade continuou a subir, mas os salários reais estagnaram.
Dentre os principais motivos para esta nova dinâmica destacam-se a revolução digital, o aumento da concorrência internacional, em especial advinda de países como Japão, Coréia do Sul e China, e a inserção de milhões de novos indivíduos no mercado de trabalho, sobretudo as mulheres e os asiáticos.
O resultado foi o considerável aumento da participação dos lucros em detrimento dos salários na renda nacional.
Contudo, o padrão de felicidade norte-americano, assentado principalmente no consumo, tornara-se um problema para os assalariados, pois a massa salarial não era mais suficiente para comprar as mercadorias produzidas com a já citada crescente produtividade.
Duas soluções concomitantes se apresentaram para os trabalhadores:
(a) o aumento de horas trabalhadas, que se refletiu em aumento dos índices de depressão, divórcios, esgotamento físico e suicídio;
(b) quando a elevação da jornada não era suficiente para manter as contas em dia, as famílias se endividaram.
A resposta a isso viria também por parte dos empresários, em específico os empresários financeiros, ao perceberem que empréstimos aos trabalhadores poderiam constituir uma nova e importante fonte de lucros.
Em lugar de aumento de salários, os empresários utilizaram os lucros extras para conceder empréstimos aos trabalhadores para que os mesmos pudessem continuar a consumir e permitir, desta forma, uma acumulação de capital em escala ainda maior.
Portanto, os assalariados perdiam duplamente: primeiro com salários reais estagnados por 30 anos; e depois com um nível de endividamento familiar nunca antes vistos nos EUA.
E os empresários ganharam duplamente: com o lucro das vendas, e adicionalmente com os juros que cobram dos empréstimos para o consumo das mercadorias que eles mesmos produzem.
Do lado dos empresários o cenário seria perfeito: massa de lucros crescente e uma classe trabalhadora devidamente disciplinada pelo endividamento familiar.
O período 1970-2008 foi consequentemente, o interregno em que as famílias mais se endividaram nos EUA para manter o seu padrão de consumo. Os assalariados hipotecaram suas casas, em alguns casos mais de uma vez, como garantia destes empréstimos. A realização dos lucros dos empresários estava completa e o sistema financeiro passou a efetuar uma série de operações para alavancar ainda mais recursos, vendendo e revendendo hipotecas e alastrando estas operações por todo sistema econômico.
A crise atual é, assim, o produto deste processo que dominou o cenário dos EUA durante os últimos 30 anos.
Tomas Rotta é mestre em economia pela USP e doutorando em economia pela University of Massachussets.
Leonardo Nunes é mestre em economia pela Unicamp e doutorando em economia pela Université Paris I Panthéon-Sorbonne.
Clique aqui para ver a conferência na integra:http://video.google.com/videoplay?docid=7382297202053077236

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos a sua participação.

Twitter