terça-feira, 2 de setembro de 2014

I WANT YOU

BRASIL. Como sobreviver?

1. As TVs e a grande mídia promovem intensamente a candidata que surgiu com a morte do desaparecido na explosão. Marina da Silva costuma ser apresentada como defensora do meio-ambiente e como diferente de políticos que têm levado o País à ruína financeira e estrutural, como foram os casos, em especial, de Collor e de FHC.
2. Mas Marina não representa ambientalismo algum honesto, nem qualquer outra coisa honesta. O que tem feito é, a serviço do poder imperial anglo-americano, usar a preservação do meio ambiente como pretexto para impedir - ou retardar e tornar absurdamente caras - muitas obras de infra-estrutura essenciais ao desenvolvimento do País.
3. Pior ainda, a tirania do poder mundial, com a colaboração de seus agentes locais, já ocupa enormes áreas, notadamente na região amazônica, para explorar não só a biodiversidade, mas os fabulosos recursos do subsolo, verdadeiro delírio mineral, na expressão do falecido Almirante Gama e Silva, profundo conhecedor da região e, durante muitos anos, diretor do projeto RADAM.
4. Além da pregação enganosa sobre o meio ambiente, o império vale-se de hipocrisia semelhante em relação à pretensa proteção aos direitos dos indígenas, a fim de apropriar-se de imensas áreas, que os três poderes do governo têm permitido segregar do território nacional, pois brasileiro não entra mais nelas. 
5. As ONGs ditas ambientalistas, locais e estrangeiras, financiadas pela oligarquia financeira britânica, como a Greenpeace e o WWF (Worldwide Fund for Nature) trabalham para quem as sustenta, não estando nem aí para o meio-ambiente.
6. Isso é fácil de notar, pois não dão sequer um pio contra a poluição dos mares, produzida pelo cartel anglo-americano do petróleo: a mais terrível poluição que sofre o planeta, pois os oceanos são a fonte principal do oxigênio e do equilíbrio da Terra.
7. Marina foi designada ministra do meio ambiente, em Nova York, quando Lula, antes de sua posse, em janeiro de 2003, foi peitado por superbanqueiros, em reunião após a qual anunciou suas duas primeiras nomeações: Meirelles para o BACEN e Marina Silva para o MME.
8. Empossada no MME, Marina, nomeou imediatamente Secretário-Geral do Ministério o Presidente da Greenpeace, no Brasil.
9. Marina foi dos poucos brasileiros presentes, quando o príncipe Charles reuniu, na Amazônia, outros chefes de Estado da OTAN e caciques das terras que ele e outros membros e colaboradores da oligarquia mundial já estão controlando por meio de suas ONGs e organizações “religiosas”, como igreja anglicana, Conselho Mundial das Igrejas etc..
10. Todos deveriam saber que os cartéis britânicos da mineração praticamente monopolizam a extração dos minerais preciosos, e a maioria dos estratégicos, notadamente no  Brasil, na África, na Austrália e no Canadá. 
11. Os menos desavisados entenderam por que Marina desfilou em Londres, nas Olimpíadas de 2012, única brasileira a carregar a bandeira olímpica.
12. É difícil inferir que o investimento da oligarquia do poder mundial em Marina da Silva visa a assegurar o controle absoluto pelo império anglo-americano das riquezas naturais do País?
13. Algo mais notório: a mentora ostensiva da candidatura de Marina é a Sra. Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, o que tem maiores lucros no Brasil, beneficiário, como os demais, das absurdas taxas de juros de que eles se cevam desde os tempos de FHC, insuficientemente reduzidas nos governos do PT.
14. Não há como tampouco ignorar as conexões do Itaú e de outros bancos locais com os do eixo City de Londres e Wall Street de Nova York.
15. D. Marina nem esconde desejar que o Banco Central fique ainda mais à vontade para privilegiar os bancos a expensas do País, que já gasta 40% de suas receitas com a dívida pública, sacrificando os investimentos em infra-estrutura, saúde, educação etc..
16. Contados os juros e amortizações pagos em dinheiro e os liquidados com a emissão de novos títulos, essa é despesa anual com a dívida pública, a qual, desse modo, cresce sem parar (já passa de quatro trilhões de reais) 
17. Ninguém notou que Marina − além de regida pelo Itaú − já tem, para comandar sua política uma equipe de economistas tão alinhada com a política pró-imperial como a que teve o mega-entreguista FHC, e como a de que se cercou Aécio Neves?
18.  Como assinalou Jânio de Freitas, Marina e Aécio se apresentam com programas idênticos. Na realidade, é um só programa, o do alinhamento com tudo que tem sido reclamado pela mídia imperial, tanto pela do exterior, como pela doméstica.
19. Da proposta de desativar o pré-sal – a qual fere mortalmente a Petrobrás, que ali já investiu dezenas de bilhões de reais, e beneficiar as empresas estrangeiras, as únicas, no caso, a explorá-lo − até à substituição do MERCOSUL por acordos bilaterais − como exige o governo dos EUA. Marina e o candidato do PSDB estão numa corrida montando cavalos do mesmo proprietário, com blusas idênticas, diferenciadas só por uma faixa. Por tudo, a figura de Marina antagoniza o pensamento do patrono do PSB, João Mangabeira, e o de seu fundador, Miguel Arraes, cujas memórias estão sendo rigorosamente afrontadas.
21. Não há, portanto, como admitir que os militantes do PSB fiquem inertes vendo a sigla tornar-se instrumento de interesses rapinadores das riquezas nacionais e prestando-se a que oligarcas internos e externos se aproveitem do crédito que os grandes nomes do Partido granjearam no coração de milhões de brasileiros de todos os Estados.
22. Há, sim, que recorrer a medidas apropriadas, previstas ou não, nos Estatutos do Partido, para que este sobreviva e ajude o Brasil a sobreviver.
23. De fato, estamos diante de um golpe de Estado perpetrado por meios aparentemente legais, incluindo as eleições. Parafraseando o Barão de Itararé, há mais coisas no ar, além da explosão de avião contratado por um candidato em campanha.
24. A coisa começou quando políticos e parlamentares notoriamente alinhados com os interesses da alta finança, e outros enrustidos, articularam a entrada de Marina na chapa do PSB, acenando a Eduardo Campos com o potencial de votos e de grana que ela traria.
25. Fazendo luzir a mosca azul, a Rede o pegou como peixes de arrastão.
26. Alguém viu a foto de Marina sorrindo no funeral do homem? Alguém notou que, imediatamente após a notícia da morte dele, a grande mídia, em peso, dedicou incessantemente o grosso de seus espaços à tarefa de exaltar D. Marina? 
27. Os golpes, intervenções armadas e outras interferências, por meio de corrupção, praticadas a serviço da oligarquia financeira anglo-americana, em numerosos países, inclusive o nosso, desde o Século XIX, deveriam alertar-nos para dar mais importância a contar com bons serviços de informação e de defesa.
28. Golpes de Estado podem ser dados através de parlamentos, poderes judiciários, além de lances como os que estão em andamento. Agora, a moda adotada pelo império anglo-americano, como se viu em Honduras e no Paraguai, na suposta primavera árabe, na Ucrânia etc., é promover golpes de Estado, sem recorrer às forças armadas, as quais, de resto, no Brasil, têm sido esvaziadas e enfraquecidas, a partir dos governos dirigidos por Collor e FHC. 
[*] Adriano Benayon: Consultor em finanças e em biomassa. Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México. Delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica e tecnológica. Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia. Professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil). Autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª ed. Editora Escrituras, São Paulo. 

terça-feira, 6 de maio de 2014

Ontem alguém no meu trabalho me perguntou: – E aí, ainda vai votar na Dilma? by Gerson Carneiro



Ontem alguém no meu trabalho me perguntou: – E aí, ainda vai votar na Dilma?
Eu apenas respondi que sim. E a pessoa retrucou: – Sem comentários.
Oras, no meu trabalho há uma pessoa fazendo estágio. Ela tem 45 anos de idade, é mulher, é negra, é pobre. Mora em uma favela, e está cursando Direito em faculdade particular. Direito, curso que há pouco tempo apenas ricos cursavam.
Qual governo proporcionou isso?
Essa estagiária é a minha razão de continuar votando na Dilma, no Lula, no PT. E sentir orgulho.
Detalhe: essa estagiária, quando há concursos, ela pega a caixa de isopor e vai para a porta das faculdades vender água, refrigerante, suco e cerveja.
Ela me contou que em uma ocasião recente um advogado se aproximou e disse-lhe: – Você cursa Direito e não tem vergonha de estar aqui vendendo cerveja?
Tal como a mim, ela também respondeu apenas com uma palavra: – Não.
São pessoas, como esse advogado (e não por ser advogado) que a questionou, que geralmente não gostam do PT. Porque sentem desconforto em ver uma negra, pobre, moradora da favela, vendedora de refrigerante, dividindo a mesma faculdade.
Não tenho disposição e não perco tempo em explicar minhas razões de votar na Dilma para pessoas hipnotizadas pela imprensa que acreditam que as prisões de José Dirceu e José Genoíno significam o máximo da justiça no cambate à corrupção.
Não. Observo casos concretos ao meu redor, no meu dia a dia.
O governo federal do PT pode ter o defeito que for, mas foi o que mais se aproximou de um ideal de justiça social. Não há nenhum outro que se iguale ou supere o PT nesse quesito.
O Aécio Neves por exemplo, já anda dizendo que se eleito adotará medida impopulares. E o guru dele declara que o salário mínimo está muito alto.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A raposa e as uvas verdes do petróleo

 
No final de semana, multiplicaram-se as matérias sobre as razões de as empresas americanas e inglesas terem fugido do leilão de Libra.  Nem uma palavra para falar das verdadeiras razões

Por Fernando Britto, do Tijolaço.

A incapacidade de raciocinar a profundidades maiores que cinco centímetros parece ter se tornado uma praga no jornalismo nacional. No final de semana, multiplicaram-se as matérias sobre as razões de as empresas americanas e inglesas terem fugido do leilão de Libra: modelo de partilha é desconhecido, há muita interferência estatal, a presença da Petrobras como operadora incomoda e por aí vai.

Ah, e ainda tem a brilhante conclusão do Estadão que, através de uma pesquisa nos sites das petroleiras chegou à conclusão de que elas não se interessam pelo pré-sal brasileiro – imagina se iam publicar ali os lugares onde tem olho grande. Publicam onde estão, porque todo mundo sabe que estão, mas não onde querem estar, óbvio.

E como pode ser desconhecido o modelo de partilha se ele é praticado por mais da metade dos maiores produtores mundiais de petróleo? Muito menos é problema a operação do campo pela Petrobras, porque todas elas já compraram interesses em campos operados pela brasileira. O chororô que “vazam” para os jornalistas é o gemido triste da raposa dizendo que “bem, aquelas uvas não prestavam mesmo, estavam verdes”.

Nem uma palavra para falar das verdadeiras razões. Que são duas, e se interligam. A primeira e óbvia foi a situação canhestra em que ficou o governo americano – do qual as empresas americanas e inglesas, todos sabem são irmãs siamesas – com a revelação da espionagem sobre a Petrobras. Qualquer investida mais ousada para deter o controle do campo seria vista como resultado de informação privilegiada. E, cá pra nós, seria mesmo.

Segundo, impossibilitadas politicamente de forçar a Petrobras a um acordo, sabem que teriam de subir seus lances, porque a brasileira está articulando uma composição com os chineses. E lances altos, num leilão de partilha, quer dizer uma parte maior para o governo brasileiro. No leilão de Libra o esquema de participação fica como exposto no quadro ao lado, com pequenas variações em função do volume produzido e do preço internacional do petróleo.

Lembre que como estamos falando em um volume recuperável de óleo em torno de 10 bilhões de barris, a 100 dólares cada um, cada um por centro equivale da 10 bilhões de dólares, ao longo de 35 anos.
 


E estas percentagens estão longe de serem as mais altas exigidas no mundo: em alguns países, como a Indonésia, elas chegam a passar de 90%, pela exigência de venda a preços mais baixos para o mercado interno. Nem por isso as grandes fogem de lá.

Nossa imprensa, porém, não mostra isso a seus leitores.

Está mais  preocupada com as pobrezinhas das multinacionais do petróleo, tão generosamente dispostas a nos ajudar a tirar o óleo de lá das profundezas, está perdendo com estas “regras absurdas”  que fazem a receita ficar com o país. Alguns agem por servilismo, mesmo. Mas a maioria é por incapacidade de pensar mesmo, que os faz repetir como papagaios os que as vedetes da imprensa dizem.
 
Por sorte, há exceções e vale a pena registrar uma, de Jânio de Freitas, na Folha de ontem: “Vista pela ótica da história das relações internacionais, as americanas Exxon (ainda Esso, para nós) e Chevron e as britânicas BP e BG fizeram uma gentileza ao Brasil, com sua desistência de participar dos leilões do pré-sal. Preferem investir para a desnacionalização do petróleo mexicano.
 
As três primeiras são o que se pode definir como empresas geradoras de problemas, onde quer que estejam. A Exxon ou Esso ou Standard Oil tem um histórico de presença no centro de conflitos armados, inclusive entre países, sem equivalente. E seus interesses sempre se tornaram interesses do governo americano, para todo e qualquer efeito. Passem bem todas quatro, o que não acontecerá ao México.”
 

JORNAL NACIONAL: Ao "boa noite" de Bonner".


domingo, 22 de setembro de 2013

VAMOS CONVERSAR AÉCIO?? NEVER!


Por Vera Lucia: texto retirado do Facebook

"Eu quero conversar com você Aécio, quero saber por que não me chamou pra conversar quando seu partido estava vendendo o Brasil”.
Quero saber onde você estava quando seu partido estava no poder e não gerou empregos para que nós pudéssemos trabalhar e mudar o Brasil.
Quero saber Aécio, onde você estava enquanto seu partido governava o país e o sucatearam, venderam as rodovias brasileiras e nunca investiram em ferrovias, portos, rodovias e aeroportos e agora vem dizer que o Brasil precisa disso? Também quero que você me diga, porque Minas Gerais, estado que governou, tem as piores rodovias do Sudeste. Vamos conversar Aécio, quero saber o que foi feito com os R$ 4,3 bilhões desviados da área da saúde em Minas, enquanto era Governador!
E também quero saber Aécio NEVER, por que enquanto seu partido governava “Nosso BRASIL” vocês nunca criaram uma única universidade, me responde ai Aécio? Por que nunca investiram em educação para os jovens, não criaram oportunidades para eles estudarem, como existe hoje.  Eu quero saber Aécio, porque tive que ralar muito pra pagar minha faculdade, pois não existia o PRÓUNI, CEFETES e outros programas que existem hoje.
Vamos conversar sim Aécio NEVER, eu quero saber tudo sobre o PROPINODUTO do seu partido, sobre a PRIVATARIATUCANA e tantos outros escândalos envolvendo seu partido. 
Além dessas questões Aécio NEVER, quero conversar com você sobre outras coisas, mas antes, você precisa conhecer tudo o que meu partido já fez e está fazendo para mudar e melhorar o Brasil e, vou até te ajudar, acesse o link abaixo e estude um pouco antes de vir falar comigo, caso contrário Aécio, eu não quero conversar com VOCÊ!!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Uma visão de alguém que estava lá:



Não volto feliz. Esta passeata de milhares pode ter tido sua importância pelo número de adeptos, mas tive com ela discordâncias a perder de vista. A começar porque ela foi em boa parte falsificada. re-significada até quase ter seu sentido esvaziado. 

Fui primeiro do Largo da Batata até a Ponte Estaiada, sem nem reparar que uma parcela do ato separara para a Paulista, e marchamos a maior parte do tempo por uma cidade fantasma, muito bem preparada para não ser incomodada pela gente, esvaziada há horas, pela Berrini. Passamos em dois Iguatemi`s, aplaudimos com força as poucas pessoas que existiam para aparecer nas janelas, e sorrimos muito uns para os outros. Não estávamos no meio da cidade. Naquela região era madrugada fazia muito tempo, os escritórios não tinham gente. E sim, a questão do ônibus estava presente nas palavras de ordem, mas não era dominante no real motivo da caminhada das pessoas. Tampouco a polícia, de que ouvi pouco se falar. Muito distante disso. Desfilávamos cantando e tirando fotos de nós mesmos com bandeiras do Brasil, orgulhosos porque tínhamos despertado, mas a sensação maior era de que passeávamos a esmo cada um por um caminho. “Fora PSTU e PSOL”, “O povo unido não precisa de partido”, “Fora Dilma”, “Chega de corrupção”. E na verdade eu sentia justamente falta do poder organizativo do partido, do sindicato, de tudo que parecia repudiado ali, por uma massa feliz e apolítica, que em determinado momento já não fazia parte de um processo, do inicio de qualquer processo, mas da comemoração por uma vitória invisível. Uma vitória inexistente. 

Uma manifestação é a propaganda de um risco. A passeata serve para pressionar alguém a fazer (ou desfazer) alguma coisa. Que tipo de risco um carnaval passivo e opressivamente chapa-branca em um feriado decretado da noite para o dia em uma segunda-feira pode de fato representar? A polícia desapareceu da cidade, no que podia até ter sido uma tentativa de golpe, para que destruíssemos e perdêssemos a razão, mas a verdade é que não foi preciso de golpe para que perdêssemos a razão uns entre os outros. Organizou-se uma maratona, uma caminhada de 10 quilômetros em festa, por tantos motivos simultâneos (ou, no fim, nenhum motivo realmente elaborado) e com uma atitude tão morna que silêncios longos e constrangedores dominavam longos minutos do ato, ao mesmo tempo que, caso houvesse alguém com uma bandeira ou grito de um partido, seria esta pessoa hostilizada. Isso porque vi bandeira de partido ser arrancada de mão, menino receber empurrão de adulto porque ia pichar, recebendo um coro de milhares mandando que tomasse no cu. Na tv, ao voltar, vi programa de televisão tomar da ideia de que não era por vinte centavos para escabecear pautas distantes da tarifa do ônibus. E me vi, de repente, pensando nos Black Blocks. E em quem eram aquelas pessoas em volta de mim, que não pareciam com as que marcharam comigo na quinta, com os olhares sérios e certos de que havia ali o luto, um réquiem, não uma festa, mesmo antes da polícia estourar. Estávamos, hoje, tão felizes porque éramos muitos que simplesmente despimos a raiva da repressão, do banditismo da PM, do crescimento absurdo da tarifa do ônibus, e realocamos este mesmo ódio para o PSTU, para a Dilma?

Voltei com a impressão de que isso tudo vai terminar, curiosamente na eleição do Aécio Neves. Porque de repente estávamos virando a página da pauta, e o que tinha a frente era uma manobra arriscada, em que não estaríamos mesmo despertos, mas crentes de que tomávamos as nossas próprias conclusões ao mesmo tempo em que aceitávamos uma lógica absurda que voltava a culpar os mesmos criminosos favoritos da grande mídia de sempre. E a esconder os outros. Se eu gostaria de ter visto conflito? Pichação? Violência? Não. Mas este nível de bom mocismo não serve para pressionar ninguém. Muito menos quando, no caminho deste bom mocismo, terminamos por marchar de volta para as velhas conclusões que tomaram por nós muito antes de hoje, e pela qual, diga-se de passagem, nos reprimiram e prenderam semana passada.

Não pensei que ia dizer assim, mas precisamos dos partidos, nem que para discordar deles. Das bandeiras, dos projetos de país. Não vi projeto de país hoje. Vi gente expulsando, na verdade, os poucos que deveriam ter tido a mínima liberdade de tentar convencer alguém, nem que para voltarem para casa solitários. Precisamos de algo que pelo menos tente nos unir, porque senão vamos continuar sendo 100 mil autistas andando juntos fingindo que concordamos uns com os outros. E o pior, extremamente orgulhosos disso.

terça-feira, 23 de abril de 2013

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