quinta-feira, 29 de julho de 2010

DATAFOLHA X DATAFRAUDE


A urgente auditoria no Datafraude

 
O instituto de pesquisas Datafolha, controlado pela famíglia Frias – que também é dona do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL – está na berlinda. Ninguém agüenta mais as suas manipulações. O deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) já está propondo uma auditoria. “O Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça dos resultados que apresenta nas pesquisas”, argumenta o parlamentar.
 
Numa decisão que abre brechas para fustigar o Grupo Folha, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou, nesta semana, o pedido do minúsculo PRTB (Partido Renovador Trabalhista) para ter acesso aos dados da sua última pesquisa, divulgada no sábado. O partido terá direito a conhecer o sistema interno de controle do Datafolha, com a “verificação e fiscalização da coleta de dados, incluindo as identificações dos entrevistadores, para conferir e confrontar os dados do instituto”.
 
Forte odor de manipulação
 
A última pesquisa Datafolha, que mostrou José Serra um ponto a frente de Dilma Rousseff, foi uma provocação! É certo que, desta vez, o instituto demotucano diminuiu a distância – a “boca do jacaré”, no jargão dos pesquisadores –, curvando-se ao “empate técnico”. Mesmo assim, o resultado não convenceu ninguém. É sabido que a famíglia Frias apóia o demotucano, mas ela poderia ser um pouco mais cautelosa – sob o risco de afundar o seu lucrativo negócio.

O forte odor de manipulação se espalhou por vários motivos. Já na pesquisa anterior, o Datafolha foi o único que manteve larga margem de dianteira para o seu candidato, enquanto os outros três (Vox Populi, Sensus e até o Ibope) apontaram vantagem para Dilma Rousseff. Agora, ele recuou abruptamente, mas ainda deu a liderança ao seu candidato. Poucos dias antes, o Vox Populi tinha apontado exatamente o inverso, com Dilma oito pontos à frente. O que explica tanta diferença?
 
O estranho filtro do telefone
 
Diplomático, Marcos Coimbra, do Vox Populi, afirma que ela se deve às distintas metodologias aplicadas. No seu instituto, as pesquisas abarcam todo o universo de eleitores. Já no Datafolha, há um filtro: são aceitas apenas as entrevistas dos que declaram possuir telefone, fixo ou celular. O motivo seria a checagem de campo. Além disso, o Vox Populi vai à casa dos entrevistados; o Datafolha ouve as pessoas na rua, o que seria mais ágil e barato – e mais suscetível à distorção.
 
Ainda segundo Marcos Coimbra, do universo pesquisado pelo Vox Populi, 30% não têm telefone nem fixo nem celular. Feito o corte para o universo dos que têm telefone, os resultados dos dois institutos seriam quase iguais - diferença de um ponto apenas. Quando entram os sem-telefones, Dilma Rousseff dispara e aí aparece a diferença. “Isto explicaria a diferença, o que compromete mais uma vez a reputação técnica do instituto [Datafolha]”, denuncia o blogueiro Luis Nassif
 
Distorções nas áreas selecionadas
 
Pesquisa tendo como base a posse de telefones já é estranha. Pior ainda é quando se observam as áreas definidas para a coleta dos dados. Nesta última, o Datafolha voltou a dar mais peso para as regiões Sul e Sudeste, onde os demotucanos ainda mantém certa influência sobre o eleitorado da “classe média”. Ele inclusive aumentou as amostras em oito estados. Estes concentraram 9.750 entrevistas, do total de 10.730. Ou seja, sobraram para 19 estados apenas 980 entrevistas. Como efeito da amostragem distorcida, o resultado fica totalmente viciado, favorecendo José Serra.
 
No caso da última pesquisa, o Datafolha ainda “inovou” ao juntar as coletas estaduais e nacional. As discrepâncias são enormes. Apesar de Dilma aparecer com larga vantagem em várias estados, na enquete nacional ela ainda fica atrás de Serra. Esta opção, além das motivações políticas para favorecer o seu candidato, tem razões comerciais. O Datafolha garfou mais grana. A pesquisa nacional custou R$ 194 mil. Somado às pesquisas estaduais, o valor total ficou em R$ 776.258.
 
Influência nefasta das pesquisas

Diante destes e outros fatos escabrosos – como a absurda diferença entre a pesquisa espontânea e a estimulada do Datafolha (na segunda, Dilma aparece um ponto abaixo; já na espontânea, mais consistente, ela está cinco pontos à frente) –, não resta dúvida que é urgente promover rigorosa auditoria no instituto do Grupo Folha. Mesmo na fase de pré-campanha na rádio e televisão, as pesquisas jogam importante papel. Elas consolidam os palanques estaduais, garantem os recursos financeiros e já influência na subjetividade do eleitor. Qualquer manipulação é crime eleitoral!
 
No mês passado, o Movimento dos Sem Mídia (MSM), encabeçado pelo blogueiro Eduardo Guimarães, ingressou na justiça solicitando rigorosa investigação dos quatro institutos. Caso a “caixa preta” do Datafolha seja aberta, “vai voar tucano para todo lado”, brinca o jornalista Paulo Henrique Amorim. Talvez até o instituto da famíglia Frias seja obrigado a mudar de nome para limpar a imagem. Algumas singelas sugestões: Datafalha, Datafraude ou DataSerra!

quarta-feira, 28 de julho de 2010



Talvez o aspecto mais famoso do modo pelo qual nos foi vendida a Guerra do Iraque foi a falsidade de seu pretexto. Nunca houve armas de destruição de massa, conforme acabou por admitir o próprio Paul Wolfowitz. Elas eram apenas “algo sobre o que o todo mundo concordava”. E assim ocorre agora também com os déficits públicos. Os conservadores e seus aliados querem desmontar o Estado democrático e social de direito e redistribuir a riqueza para os de cima. Esse é o objetivo. Os déficits só são “algo sobre o que todo mundo concorda”, as armas de destruição de massa desta crise fabricada. O artigo é de Christopher Hayes, editor da The Nation.

Christopher Hayes

Se vocês prestarem atenção no que ocorreu na última década, não será surpreendente constatar que as elites políticas dos EUA se achem agora em meio a uma atabalhoada discussão sobre o futuro da nação estadunidense. Mas, mesmo descontando os níveis de degradação a que chegaram o establhisment de Washington, não deixa de ser assombroso o pânico criado em torno do tema da dívida pública.

Comecemos pelos fatos. Quase todo o déficit deste ano e os déficits que se projetam para o curto e médio prazo é resultado de três coisas: as guerras em curso no Afeganistão e no Iraque, os cortes de impostos de Bush e a recessão. A solução para nossa situação fiscal é: terminar com as guerras, deixar que expire o prazo dos cortes de impostos e restaurar um crescimento robusto.

Nossos déficits estruturais no longo prazo exigem que sejamos capazes de controlar a inflação na assistência de saúde do mesmo modo que o fazem os países com sistemas de saúde com cobertura universal.

Agora mesmo enfrentamos uma crise de desemprego que ameaça nos mergulhar em um grave e longo período de baixo crescimento, uma espécie de década perdida que causará uma tremenda miséria, degradaráo o capital humano da nação, desbaratará a todo uma geração de jovens trabalhadores durante anos e abrirá um rombo no balanço contábil do Estado. O melhor para sair deste cenário é mais gasto público para tutelar o regresso da economia a um caminho saudável. Pode ser que a economia esteja viva, mas isso não significa que esteja sã. Há razões para seguir tomando antibióticos no momento em que começamos a nos sentir bem.

No entanto, o tamborilar filisteu de pânico dos histéricos do déficit torna-se a cada dia mais ensurdecedor. A julgar por seu programa e seu vídeo on-line, o Festival Aspen das Idéias deste ano foi uma orgia ao ar livre de discursos anti-déficit. O Festival é uma boa janela para observar as preocupações da elite. O fato que seu forum de abertura estivesse saturado pelos abomináveis alertas sobre a quebra vindoura pronunciados por pessoas como Niall Ferguson, Mort Zuckerman e David Gergen é um mau augúrio. Do mesmo modo o painel intitulado “A inquietante emergência fiscal na América: como equilibrar as contas”. Essa atitude não é exclusiva dos colunistas e dos tertulianos midiáticos. Os dirigentes da comissão fiscal de Obama qualificaram de “câncer” os déficits públicos projetados.

A histeria chegou a tal extremo que os senadores republicanos (aos quais se juntou o senador democrata por Nebraska, Ben Nelson) praticaram obstrução parlamentar contra um projeto de extensão das ajudas ao desemprego porque ele não vinha acompanhado de cortes do gasto público. Recorde-se que o custo desta extensão de auxílio para pessoas suficientemente desgraçadas de modo a ser verem apanhadas entre as garras da pior recessão dos últimos 30 anos era de 35 bilhões de dólares. A lei contribuiria para aumentar a dívida em menos de 0,3%.

Tudo isso resulta estridentemente familiar. A atual deliberação – se assim pode ser chamada – sobre os défcitis traz à memória a deliberação nacional sobre a guerra às vésperas da invasão do Iraque. De um dia para o outro, o que outrora fora considerado tolerável pelo establihsment tornou-se subitamente intolerável: uma crise de urgência tão peremptória que exigia das “pessoas sérias” a fabricação imediata de idéias capazes de lidar com ela. O encargo da prova das pessoas que apoiavam a guerra para as pessoas que se opunham a ela, e passou também toda a possibilidade de argumentação.

Agora somos colocados na mesma situação em relação à dívida pública. Em meio a um desemprego oficialmente reconhecido de 9,5% e de uma contração global da economia, a última coisa sobre a qual deveríamos estar falando é de déficits no curto prazo. No entanto, no presente, o bilhete de entrada do clube da “gente séria” exige, não um plano para reduzir o desemprego, mas sim um plano para travar uma guerra sem quartel contra os insivíveis e até agora incorpóreos traficantes de dívida pública que estariam preparando um ataque contra o dólar.

Talvez o aspecto mais famoso do modo pelo qual nos foi vendida a Guerra do Iraque foi a falsidade de seu pretexto. Realmente, nunca houve armas de destruição de massa, conforme acabou por admitir o próprio Paul Wolfowitz. As armas de destruição de massa eram apenas “algo sobre o que o todo mundo concordava”.

E assim ocorre agora também com os déficits públicos. Os conservadores e seus aliados lidam sem cuidado com os déficits; o que importa a eles é a austeridade: desmontar o Estado democrático e social de direito e redistribuir a riqueza entre os de cima. Esse é o objetivo. Os déficits só são “algo sobre o que todo mundo concorda”, as armas de destruição de massa desta crise fabricada. O senador John Kyl, do Arizona, em declarações à cadeia (de ultra-direita) Fox News, chegou ao ponto de admiti-lo abertamente. É preciso evitar qualquer aumento de gasto, disse, “mas nunca deveria se evitar o custo de uma decisão deliberada de reduzir os impostos para os estadunidenses”.

Lembre-se que a Guerra do Iraque poderia ter sido evitada e mais congressistas democratas tivessem se oposto a ela. Em troca, votaram a favor muitos que sabiam plenamente que estava sendo gestado um colossal desastre alimentado pelas pressões ultradireitistas e pelos falcões midiáticos.

O erro se repete agora, Apesar de os economistas da Casa Branca terem acordo sobre a necessidade dos estímulos públicos diante de um desemprego astronomicamente elevado, o New York Times nos informa que os os cérebros políticos da Casa Branca – David Axelrod e Rahm Emanuel – decidiram que a opinião pública perdeu o apetite pelo aumento do gasto público. “Meu trabalho consiste em informar o humor público”, disse Axelrod. Logo em seguida apareceu no “This Week”, programa da cadeia ABC, para acenar a bandeira branca e declarar que o presidente seguiria pressionando em favor da ampliação dos auxílios para o desemprego; sintomaticamente, omitiu-se qualquer menção às ajudas aos governos dos estados federados, originalmente incluídos na carta dirigida em junho passado pelo presidente ao Congresso solicitando um pacote de estímulos.

Mas não devemos perder a esperança: a opinião pública anda muito longe de estar obcecada com o déficit público; está muito longe, portanto, dos humores de Washington. Segundo uma pesquisa conjunta do jornal USA Today e do instituto Gallup, cerca de 60% dos estadunidenses apóiam “um maior gasto público para criar emprego e estimular a economia”, contra 38% que se opõe a isso. Uma pesquisa realizada por Hart Research Associates, publicada em junho passado, mostrava que dois terços dos norte-americanos estavam a favor da ajuda pública aos desempregados. Assim, se há “pouco apetite” é para uma contra-reforma que corte direitos sociais e atinja a Seguridade Social. A lição da Guerra do Iraque é que, no longo prazo, a boa política não pode se separar das boas políticas públicas. Se a Casa Branca sente-se tentada a desenvolver más políticas de curto prazo porque isso parece menos arriscado politicamente, deveria telefonar para John Kerry e perguntar se isso funcionou como Iraque,

(*) Christopher Hayes, analista e crítico cultural norteamericano, editor em Washington da revista The Nation.

Tradução: Katarina Peixoto

OXIGÊNIO CULTURAL

terça-feira, 27 de julho de 2010

EM TEMPO!

“Telefonar para diretor de jornal e pedir punição de jornalista é censura”, diz Dilma


Momento em que serra responde ao jornalista sobre o pedágio

EM CARTAZ: CHICKEN RUN





Por Altamiro Borges



Em sua coluna na Veja desta semana, Diogo Mainardi, o pitbul da direita nativa, deu uma notícia que alegrou muita gente. Anunciou que deixará o Brasil. Num texto empolado, ele não explica os motivos da decisão. A única pista surge na frase “tenho medo de ser preso” – será uma confissão de culpa? “Oito anos depois de desembarcar no Rio de Janeiro, de passagem, estou indo embora. Um vagabundo empurrado pela vagabundagem”. Concordo totalmente com a primeira descrição!

O enigmático anúncio levantou muitas suspeitas. Para o blogueiro Paulo Henrique Amorim, uma das vítimas das difamações e grosserias deste pseudojornalista, ele está fugindo para não pagar o que deve. “O Mainardi me deve dinheiro. Ele perdeu no Supremo Tribunal Federal, por decisão do Ministro Toffoli, recurso em uma causa que movo contra ele. Contra ele e o patrão, o Robert (o) Civita... Interessante é que o próprio Mainardi foi quem disse que só escrevia por dinheiro”.

“Fim de uma era de infâmia”

Luis Nassif também suspeita que Mainardi vá deixar o país para evitar a Justiça. A referência ao medo de ser preso “é real. Condenado a três meses de prisão por calúnias contra Paulo Henrique Amorim, perdeu a condição de réu primário. Há uma lista de ações contra ele. As cíveis, a Abril paga, como parte do trato. As criminais são intransferíveis. E há muitas pelo caminho. Há meses e meses meus advogados tentam citá-lo, em vão. Ele foge para todo lado”.

Para o blogueiro que já foi alvo das agressões do pitbul da Veja, o festejado anúncio representa “o fim de uma era de infâmia”. “O problema não é o Mainardi. Ele é apenas uma figura menor que, em uma ação orquestrada, ganhou visibilidade nacional para poder efetuar os ataques encomendados por Roberto Civita e José Serra. Quando passar o fragor da batalha, ainda será contado o que foram esses anos de infâmia no jornalismo brasileiro”.

“Sou um conspirador da elite”

André Cintra, editor de mídia do portal Vermelho, apresenta ainda outra hipótese. Ele constatou que Mainardi perdeu espaços na imprensa, inclusive na Veja. “Ele perdeu credibilidade e, talvez, renda”. Essa suspeita já fora apontada, algum tempo atrás, por Alberto Dines, do Observatório da Imprensa. “Há poucos meses, ele puxava o cordão dos que mais recebia mensagens; agora nem aparece no esfarrapado Oscar semanal. O leitor da Veja já não agüenta tanta fanfarronada”.

Levanto aqui outra suspeita. Filhinho de pai, Mainardi sempre fez turismo pelo mundo. Ele não tem qualquer vínculo com o país e seu povo. Até escreveu um livro sugestivamente intitulado de “Contra o Brasil”. Na fase recente, com a eleição de Lula, seu ódio ficou mais doentio. “Sou um conspirador da elite, quero derrubar Lula, só não quero ter muito trabalho” (Veja, 13/08/05). Ele chegou se gabar de “quase ter derrubado o presidente Lula” e ficou furioso com a sua reeleição.

Coitado do cão sarnento

Este “difamador travestido de jornalista”, como bem o definiu o ministro Franklin Martins, fez inimigos por todos os lados. Satanizou o sindicalismo, o MST, os intelectuais e as lideranças de esquerda no país e no mundo. Apoiou o genocídio dos EUA no Iraque e destilou veneno contra Fidel Castro, Evo Morales e Hugo Chávez. O seu egocêntrico “tribunal macartista mainardiano”, no qual fez acusações levianas contra vários jornalistas, gerou protestos das entidades do setor.

Odiado por todos e prevendo a derrota do seu candidato nas eleições de 2010, Mainardi anuncia agora: “Vou embora”. Talvez não sinta mais clima para ficar no país e perceba que suas bravatas fascistas não convencem muita gente. Teme até ser preso por suas difamações e calúnias. Não agüentaria a continuidade da experiência aberta pelo presidente Lula, com a eleição de Dilma Rousseff. No twitter, brinquei que sua fuga lembra o cachorro sarnento que abandona o próprio dono. Muitos reagiram: é sacanagem com o pobre animalzinho. Concordo e peço desculpas!



A pesqusia Vox Populi/Band/iG restrita ao estado de São Paulo, "bunker" de José Serra (PSDB/SP), traz número desalentadores para o demo-tucano.


Empate na espontânea:

Serra (PSDB): 23%
Dilma (PT): 22%

Empate na rejeição:
 
Serra (PSDB): 23%
Dilma (PT): 25%
Marina (PV): 18%
 
Na estimulada, diferença caiu de 14 para 11 pontos:
 
Serra (PSDB): 42%
Dilma (PT): 31%
Marina (PV): 10%

Demais candidatos somam 1%
17% desconhecem o apoio do presidente Lula à Dilma.
 
Vantagem de Serra em SP muito abaixo das expectativas
 
São Paulo tem 30,3 milhões de eleitores, conforme informações do TSE, e 15% de abstenção estimada (que existe historicamente nas eleições paulistas). Por esses números:
 
- 42% de Serra corresponde a aproximadamente 10,8 milhões de votos;
- 31% de Dilma corresponde a aproximadamente 8 milhões de votos;
- diferença de votos em São Paulo: cerca de 2,8 milhões.

Muito menos do que a meta dos demo-tucanos de garantir uma diferença de pelo menos 4 milhões de votos no estado, para compensar derrotas no Nordeste, Rio e Minas Gerais.

Por: Zé Augusto

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O vício do golpismo e a democracia torta


“Tortas” (“desvairadas”, “golpistas”, etc.) são as palavras proferidas de maneira vã, irresponsável - e a serviço de um modo rasteiro de se fazer política - por um homem imaturo e despreparado que, indesculpavelmente concorre nessas eleições ao posto de vice-presidente da República.

Lula Miranda

No Brasil, desgraçadamente, pode-se, ainda, dar publicidade a um indigno e deletério trocadilho: “o vício do golpismo é que faz a democracia torta”. Poder-se-ia empenar ou desviar, de modo vil, a doutrina da soberania popular graças a um incerto modelo de democracia “torta” ou “fake” ou “para inglês ver” que ainda subsiste no ideário de alguns “democratas” [ou, simplesmente, “Demos”]. Tortos ou retos, incorretos ou corretos, desviados também, podem ser os nossos caminhos e escolhas. Escolhas e caminhos que fizemos; que fazemos. Escolhas e caminhos que ainda faremos.

Explico-me melhor: “tortas” [“desvairadas”, “golpistas” etc.] são as palavras proferidas de maneira vã, irresponsável [e a serviço de um modo rasteiro de se fazer política] por um homem imaturo e despreparado que, indesculpavelmente [por culpa não apenas dele, mas de quem o indicou] concorre nessas eleições ao posto de vice-presidente da República – e, veja bem!, se eleito o candidato da oposição este homem poderia vir a ser presidente desse grande país, no caso de impedimento do “imprevidente” titular.

Mas, voltemos ao “vício” a que originalmente alude esse artigo. Que “vício” é esse que tenta nos desviar do bom caminho, do rumo que ora nos dá a prazerosa sensação de cidadania [em toda a plenitude do termo]; que pretende nos impedir de experimentar, de modo definitivo, as dores e as delícias de uma democracia madura, plena?

Ainda convivemos com o “obcecante desvario”, um certo ranço autoritário, herança maldita do coronelismo de antanho. Um atavismo danoso que contamina o gene e a alma de alguns. Um “veneno” que ainda corre nas veias de uns poucos e (sobre)vive entre nós contaminando membros de certa elite caduca (poucos repito, felizmente), aqueles que ainda acham/pensam que “nasceram para mandar” e que, em decorrência disso, tudo lhes é permitido. Gente que tem o pensamento nublado/obliterado por preconceitos de classe, de gênero, de toda ordem [alguns destes preconceitos e valores inconfessáveis à luz do dia]. Gente que ainda não percebeu que o país está mudando; está melhorando; avançando.

Lembro-me de um episódio curioso para auxiliar nesse nosso “estudo de caso”, pois “eloqüente”. No começo da década de 1990, ainda jovem, fazia, voluntariamente, campanha de rua, na cidade de São Paulo, para um dos candidatos dos partidos de esquerda à prefeitura, quando um grupo de jovens “bem-nascidos” passou num desses carrões importados da moda da ocasião, empunhando bandeiras do candidato que viria a ser vitorioso [o da direita], e gritaram a plenos pulmões em direção ao meu pequeno grupo:“Pobres! Seus Pobres! Pobres! Pobres! Pobres!”. E prosseguiram em coro, rindo às gargalhadas, com aquela indisfarçável arrogância tranqüila e “natural” dos que estavam acostumados a vencer sempre.

São esses os personagens que desejam agora retomar o poder; é exatamente esse jeito de estar, pensar e enxergar as coisas do mundo que deseja prevalecer, preponderar, vencer mais uma vez.

É certamente esse “o espírito da coisa” que está por trás das despropositadas e infamantes declarações do candidato a vice da chapa de extrema-direita que concorre ao pleito presidencial de outubro desse início de século XXI. Por mais incrível que isso lhes possa parecer, a essa altura do campeonato [em pleno século XXI!] a direita mais empedernida e ruinosa deseja, de qualquer maneira ou forma, sem medir palavras e/ou meios, retomar o leme que orienta os rumos da nação.

“Eles” anseiam por voltar. “Eles”, que, até parecem [tamanha a insensatez] incorporados/travestidos numa tosca e extemporânea metáfora/caricatura do mal, agora reaparecem como que a emergir dos ínferos [juro que até então, ledo engano, pensava que “eles” representassem uma candidatura de centro-direita]. “Eles”, em verdade, representam o nosso pior pesadelo.

Mas, para além das palavras, que já dizem muito, estão os atos e princípios [ou melhor, a falta destes] dessa turma “barra pesada”.

O novo Brasil em que vivemos hoje avançou e tem uma imensa e importantíssima pauta de assuntos a discutir, a tratar: déficit habitacional, violência urbana, saúde pública, educação, infra-estrutura, pré-sal, distribuição de renda, previdência, salário, emprego, reforma política etc. O elenco propositivo é vasto. O país precisa discutir esses temas, seguir avançando e sedimentar seu ciclo de crescimento econômico, pavimentando assim o seu longo caminho rumo ao desenvolvimento econômico. Essa seria a orientação que nos indica(m) o(s) caminho(s) para nos tornarmos, de fato, uma grande nação; esse seria o rumo a uma democracia de fato. Mas “eles”, os “neo-escravagistas”, preferem a democracia “torta”.

Esse “trololó” [esse termo lhe é familiar?] dessa direita cheia de ódio e preconceitos é, seguramente, o caminho torto, o descaminho. Essas infâmias propagandeadas, sem pudor algum, e, quase sempre, de modo acrítico, pela grande imprensa, forçando uma associação do nome de um dos principais partidos da base aliada do governo [e de sua candidata] a crimes de assassinato, a falsos dossiês, ao terrorismo, ao narcotráfico e agora, finalmente, a uma facção do crime organizado, o Comando Vermelho [!!!]. Esse discurso maledicente, torpe, despropositado, “amalucado” até, assim como o “denuncismo” seletivo e faccioso desse, já em estado falimentar, oligopólio da mídia não contribuem para o avanço da democracia em nosso país, ao contrário.

É imperioso que todos nós, jornalistas, intelectuais, professores, operários, artistas, sindicalistas, profissionais liberais, enfim, todos os cidadãos mais esclarecidos deste país, não nos furtemos em adotar uma posição firme nessa hora. De modo severo, crítico, veemente. E que digamos/exclamemos peremptoriamente: “Eles” estão errados; esse não é o caminho que devemos trilhar!

Não nos acumpliciemos com os verdadeiros criminosos da história. A nossa história é/será outra. Não nos acumpliciemos com o atraso.

Lula Miranda é poeta e cronista. Foi um dos nomes da poesia marginal na Bahia na década de 1980. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média e blogs de esquerda.



A pesquisa eleitoral do Instituto Vox Populi, contratada e divulgada hoje pela Band e pelo Portal IG, mostra mais uma vez a liderança da candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Dessa vez, a petista tem 8 pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado, José Serra (PSDB).
 
O levantamento aponta Dilma com 41% das intenções de voto, contra 33% do tucano. Marina Silva, candidata do PV, tem 8%. Na sondagem anterior, divulgada no dia 29 de junho e que incluía 11 nomes, Dilma tinha 40% contra 35% de Serra e 8% de Marina.
 
O Vox Populi aponta ainda que os demais candidatos somam 1% da intenção de votos. Os votos brancos e nulos chegam a 4%. E 13% dos entrevistados disseram que ainda estão indecisos.
 
Esse foi o primeiro levantamento desde a oficialização das candidaturas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O instituto ouviu 3 mil eleitores nesta semana, e a margem de erro é de 1,8 ponto percentual.

Voto espontâneo
 
Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado não recebe uma lista para escolher o candidato preferido, Dilma também lidera. A petista tem 28%, contra 21% do candidato do PSDB e 5% de Marina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem estar concorrendo, tem 4% das intenções de voto.

A rejeição do candidato tucano também é a maior entre os concorrentes: 24%. A de Dilma é a menor e ficou em 17%.
 
Segundo turno
 
Numa possível disputa entre Dilma e o candidato tucano no segundo turno, a candidata do PT também venceria segundo o levantamento. Dilma teria 46% das intenções de voto e Serra apenas 38%.
 
A candidata que representa a continuidade do governo Lula tem o melhor desempenho na região Nordeste, onde abre 30 pontos de vantagem em relação ao concorrente da oposição (54% a 24%). O tucano só leva vantagem na região Sul, onde a pesquisa aponta uma vantagem de 4 pontos em relação à Dilma (39% a 35%).
 
Na região Sudeste, onde se concentra o maior eleitorado do país, há um empate técnico. O tucano tem 36% da intenção de votos, e Dilma está com 34%.

A petista lidera tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Ela tem 43% das intenções do eleitorado masculino contra 34% de Serra e 7% de Marina. No eleitorado feminino, Dilma tem 38%, o tucano 32% e a verde 9%. Dilma também é a preferida em todas as faixas e níveis de ensino.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

DESESPERO DEMOTUCANO


A falta que FHC faz

Enviado por luisnassif, seg, 19/07/2010 - 12:32

Aproximar-se de FHC, apropriar-se de seu discurso, não daria a vitória a José Serra. Mas, depois que FHC foi defenestrado da campanha de Serra, perdeu-se qualquer veleidade de discurso político. Não duvido se Marina começar a crescer à custa da candidatura Serra.
 
Antes, na oposição havia um corpo coerente de idéias, algo palpável em torno do qual poderia haver debate político. E digo isso, sendo crítico de primeira hora do mercadismo fernandista. Mas tinha-se o que criticar.
 
Defendendo as bandeiras de FHC, Serra seria derrotado, mas de outra maneira: a oposição sairia com algum legado, com idéias que, passadas as eleições, serviriam de ponto inicial para um novo discurso, um contraponto consistente ao novo governo.
 
Embora nunca tivesse praticado gestão, o discurso fernandista encampava a bandeira da gestão, assim como da privatização, do predomínio do mercado. São idéias em declínio (menos as de gestão), agora, mas que voltarão em algum momento do futuro, quando o pêndulo da economia se inverter novamente.
 
Lembro-me de, em 2006, ter invocado o exemplo de Ronald Reagan. Durante anos falou sozinho sobre bandeiras liberais. Quando o pêndulo se inverteu, era dono do discurso.

Na época, mencionava Reagan para mostrar que, nos próximos anos, o pêndulo se afastaria do mercadismo desvairado do Banco Central para um ativismo da política econômica; que uma crise seria inevitável, ou mundial ou das contas externas brasileiras; e que se Serra tivesse a menor veleidade em se candidatar a Estadista, deveria começar a trabalhar a bandeira da nova política econômica, do ativismo na economia – até então, Lula estava preso ao dogmatismo do BC e de Antonio Pallocci.

No dia seguinte ao da coluna, Serra deu uma entrevista chinfrim criticando o BC. E se recolheu novamente ao seu papel de estadista mudo (caso único em candidatos a estadistas), incapaz de enfrentar o discurso hegemônico dos seus próprios seguidores, ainda presos ao mercadismo desvairado.
 
A bandeira do novo papel do Estado ficou definitivamente com Dilma Rousseff, com o PAC, o «Nossa Casa, Nossa Vida».

Já que Serra abdicou do «serrismo» (que, agora sei, nunca existiu), seria a hora da oposição começar exercitar o contraponto, recuperar o discurso fernandista. Mas isso exigiria despreendimento, porque só colheria os frutos daqui a alguns anos – jamais nessas eleições.
 
A oposição, escolheu o pior dos mundos: um misto da cabeça do Sérgio Guerra e do Paulinho Bornaheusen, batido no liquidificador da cabeça complexa do Serra. O Índio Quem apenas refletiu esse discurso, com sua cabeça de militante médio.
 
Com isso, caminha-se na campanha como barata tonta. Uma hora, a defesa do ajuste fiscal acima de todas as coisas e a crítica à «bolsa esmola»; na outra, promessas de enxoval a gestantes; na sequência, o discurso paranóico sobre Farcs, bolivarismos e outros fantasmas; depois, ampliação do Bolsa Família; na sequência, a denúncia da «república sindicalista». E seus blogueiros difamando, atacando adversários, aliados e não-alinhados enquanto entra em cena Soninha (indicada pessoalmente pelo rei) para tentar trazer a imagem de bom-mocismo para a campanha internética.
 
Pela primeira vez, desde que deixou a presidência, FHC deve estar se sentindo realizado, morrendo de rir das trapalhadas. A gestão Lula, no governo, liquidou com sua herança presidencial. Mas a gestão Serra, na oposição, o consagrará definitivamente como guru máximo das oposições para os próximos anos.

Veja o vídeo em que o Índio (DEMo) a mando de Serra, chama LULA de traficante. Você concorda com esse terrorismo! Chega desse tipo politico.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

VELHAS PRATICAS DE SEMPRE: “DEMOcratas”

Índio que "caiu do céu" leva inferno astral para campanha Serra


O candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra já mostrou a que veio — e conseguiu a proeza de desagradar a todos. Ao dizer que “todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior”, Índio da Costa (DEM-RJ) irritou seus aliados, constrangeu eleitores de opinião pró-Serra e pode até ser questionado na Justiça.

As infâmias foram veiculadas na sexta-feira (16) pelo portal Mobiliza PSDB, mas o vídeo foi rapidamente tirado do ar. A campanha Serra também tratou logo de fugir ao máximo da responsabilidade. Soninha Francine, coordenadora de internet do comitê central de Serra, e Sérgio Caruso, coordenador da comunicação da campanha na web, declararam que nada têm a ver com as sandices de Indio da Costa.

Destemperado, o jovem “demo” também chamou a candidata do PT, Dilma Rousseff, de ateia e "esfinge do pau oco". Tudo porque, em comício no Rio de Janeiro, Dilma ousou comparar seu próprio vice, Michel Temer (PMDB-SP), com Índio da Costa. “Meu vice não caiu do céu, não é improvisado. É competente e capaz”, sintetizou a petista.

A reação do vice de Serra — que é deputado federal — serviu para desnudar o que pensa um político até então desconhecido até mesmo em seu próprio partido. “O Índio do Serra deveria continuar mostrando como conhece a política nacional. É o vice dos nossos sonhos. Tá ajudando muito mesmo", ironizou o secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas (RS).

Reprovação geral

Nos bastidores, a coligação demo-tucana repudiou a verborreia de Índio da Costa. Segundo o blog do jornalista Josias de Souza, da Folha de S.Paulo, Serra “evitou desaprovar Índio em público”, mas privadamente “considerou inadequadas as declarações de seu vice. Avaliou que destoaram do discurso que pretende esgrimir na campanha”.

O desacordo ecoou entre os presidentes nacionais do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). “Não dá para cravar que o PT tenha relação com as Farc”, admitiu Rodrigo. “Não tenho elementos para dizer que há ligações do partido com as Farc”, reconheceu Guerra. No mesmo tom, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia declarou que “o PT como partido — e pela sua diversidade, especialmente pela hegemonia do sindicalismo — não tem essa ligação".

Em depoimento “em off” à Folha de S.Paulo, um dos coordenadores da campanha Serra afirmou que Índio da Costa “se excedeu e que Serra não pretende adotar esse discurso no embate com a candidata petista. Ele atribuiu o tom dos ataques à inexperiência de Indio, de 39 anos. ‘A juventude tem vantagens e desvantagens’.”

Orestes Quércia (PMDB-SP), candidato ao Senado e um dos raros peemedebistas a apoiar Serra, foi outra liderança política a questionar o discurso de Índio da Costa. Segundo Quércia, “não é o momento para fazer esse tipo de conexão”.

Até a candidata verde, Marina Silva, saiu em defesa do PT e contra a baixaria do vice de Serra. “Aprendi com os índios na Amazônia que é muito importante estar bem preparado politicamente, tecnicamente e inclusive emocionalmente para pretender o lugar de cacique. Acho que talvez o deputado Indio não esteja suficientemente preparado para ser cacique do Brasil.”

Tuitando à margem da lei
 
O palavrório antipetista não foi a única lambança de Índio da Costa. No domingo (18), o ministro Henrique Neves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), multou o vice de Serra em R$ 5 mil por propaganda antecipada na internet. Em 4 de julho, quando sua indicação à chapa presidencial mal havia saído do forno, Índio já pedia voto abertamente para Serra através do Twitter, o que viola a artigo 36 da Lei das Eleições (9504/97).

“A responsabilidade é enorme. Mas conto com o seu apoio e com o seu voto”, tuitou o político “demo”, dois dias antes do início oficial da campanha. “Vou dar tudo de mim. Vamos para as ruas eleger Serra Presidente”. Ao dar tudo de si, Índio mostrou que, mesmo “caindo do céu”, foi capaz de provocar um imenso inferno astral na campanha Serra.

André Cintra

QUEM ESTA POR TRAZ DO PIG?



A calúnia golpista da SIP contra o presidente Lula

Fundada nos Estados Unidos em 1946, a SIP teve papel fundamental durante a Guerra Fria. Empenhou-se com afinco a etiquetar como “antidemocráticos” os governos latino-americanos que não se alinhavam com a Casa Branca. Constituiu-se em peça decisiva da guerra psicológica que antecedeu os levantes militares no continente entre os anos 60 e 80. Qual a autoridade dos dirigentes dessa agremiação para falar em democracia, com sua biografia banhada na lama e no sangue? O que fazem é se aproveitar dos espaços públicos sobre os quais exercem propriedade privada para conspirar, agredir e manipular. O artigo é de Breno Altman.

Breno Altman - Opera Mundi

Os jornais de hoje (17) estampam declaração do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa, Alejandro Aguirre, afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “não pode ser chamado de democrático”. O ataque se estende aos demais países da região que são administrados por partidos de esquerda. Esses governos, de acordo com o dirigente da SIP, “se beneficiam de eleições livres para destruir as instituições democráticas”.

Certamente é importante, para os leitores, conhecer a história dessa entidade antes de julgar a credibilidade das declarações de seu principal dirigente. Fundada nos Estados Unidos em 1946, a SIP teve papel fundamental durante a Guerra Fria. Empenhou-se com afinco a etiquetar como “antidemocráticos” os governos latino-americanos que não se alinhavam com a Casa Branca. Constituiu-se em peça decisiva da guerra psicológica que antecedeu os levantes militares no continente entre os anos 60 e 80.

Orgulha-se de reunir 1,3 mil publicações das Américas, com 40 milhões de leitores. Entre seus membros mais destacados, por exemplo, está o diário chileno El Mercurio, comprometido até a medula com a derrubada do presidente constitucional Salvador Allende, em 1973, e a ditadura do general Augusto Pinochet

Outros jornais filiados são os argentinos La Nación e El Clarín, apoiadores de primeira hora do golpe sanguinário de 1976, liderado por Jorge Videla. Aliás, suspeita-se que a dona desse último periódico recebeu como recompensa um casal de bebês roubado de seus pais desaparecidos.

A lista é interminável. O vetusto diário da família Mesquita, Estado de S.Paulo, também foi militante estridente das fileiras anticonstitucionais, clamando e aplaudindo, em 1964, complô contra o presidente João Goulart. Mas não foi atitude solitária: outros grupos brasileiros de comunicação, quase todos também inscritos na SIP, seguiram a mesma trilha golpista.

Os feitos dessa organização, entretanto, não são registros de um passado longínquo. Ou é possível esquecer a histeria da imprensa venezuelana, em abril de 2002, no apoio ao golpe contra o presidente Hugo Chávez? Naquela oportunidade, a SIP não deixou por menos: a maioria de seus filiados foi cúmplice da subversão oligárquica em Caracas.

Uma trajetória dessas é para deixar até o mais crédulo com as barbas de molho. Qual a autoridade dos dirigentes dessa agremiação para falar em democracia, com sua biografia banhada na lama e no sangue? O que fazem é se aproveitar dos espaços públicos sobre os quais exercem propriedade privada para conspirar, agredir e manipular.

Ainda mais quando apelam à calúnia. A imensa maioria dos veículos de imprensa no Brasil dedica-se à desabusada oposição contra o presidente Lula e seu partido. Nenhuma publicação dessas foi fechada ou censurada por iniciativa de governo. Circulam livremente, apesar de muitos terem atravessado o Rubicão que separa o jornalismo da propaganda política, violando as mais comezinhas regras de equilíbrio editorial.

As palavras do presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa, dessa forma, devem ser compreendidas através do código genético de Aguirre e seus pares. Hoje, como antes, atacam os governos progressistas porque desejam sua desestabilização e derrocada. Insatisfeitos com os resultados e as perspectivas eleitorais de aliados políticos, tratam de vitaminá-los com factóides de seu velho arsenal.

A história do presidente Lula, afinal, é de absoluto respeito à Constituição e à democracia. O mesmo não pode ser dito da SIP, cujas impressões digitais estão gravadas na história dos golpes e ditaduras que infelicitaram a América Latina.

(*) Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi (http://www.operamundi.com.br/)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

OXIGÊNIO CULTURAL

UMA QUESTÃO DE "INTERPRETAÇÃO".

Sandra Cureau, holofotes e o golpismo do PIG

É impressionante como a cada suposta irregularidade cometida pelo Presidente da República ao citar Dilma Rousseff em discurso, a vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau se movimenta imediatamente para abrir inquéritos e busca repetidamente os holofotes da imprensa Pró-Serra para condenar e ameaçar a candidatura da ex-ministra.
No mês de Junho em que Serra, o PSDB e os nanicos que o apóiam deitaram e rolaram nas irregularidades sobre a legislação eleitoral e transformaram programas partidários em programas descaradamente em campanha, a Vice-procuradora sumiu do noticiário, muito provavelmente porque a indignação seletiva impediu.



Até hoje, o Serra só foi punido por denúncia formulada por procuradores regionais, como na Bahia, não vi na imprensa qualquer denúncia contra o deboche dos partidos que apóiam a candidatura Serra à legislação eleitoral, assinado pela Sra. Sandra Cureau. Essa seletividade em só ver irregularidades de um dos participantes suscita dúvidas e abre espaço para suspeitas de uso das atribuições para beneficiar um partido, o que é gravíssimo para um procurador eleitoral.

Hoje, a procuradora já se desatinou a dar abertura para os golpistas engrossarem o discurso de terceiro turno. Leia aqui. É lamentável que uma procuradora eleitoral, que tem por função garantir a lisura da democracia, coloque a frente do profissionalismo que deveria guiar seus atos, interesses políticos relacionados a possíveis ambições eleitorais futuras.

Se o presidente Lula cometeu alguma irregularidade ao dar a César o que é de César, esta irregularidade tem punições definidas pela lei em vigor, não dá para ficar propondo interpretações enviesadas para colocar fogo e incitar noticiário com timbre golpista.

A interpretação de algumas situações atualmente consideradas campanha irregular são completamente equivocadas, não dá para se omitir a participação de alguém em um projeto, a candidatura Serra promove até o que Serra não fez porque o presidente não pode citar que Dilma teve grande importância no projeto do Trem-bala? Ninguém está pedindo votos para ninguém, apenas ao fazer registros históricos não se pode citar apenas aqueles que não concorrem a cargo em eleições, e sim quem efetivamente teve participação, é questão de justiça de quem cita.

Sandra Cureau infla de forma recorrente o balão dos golpistas, que se apóiam nessas declarações desastradas para manter a chama acesa da esperança de chegar ao poder sem passar pelo crivo da aprovação nas urnas.
Legalidade sempre! Eleição se ganha no voto!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Jornal Feira Hoje - Professor doutor em comunicação social, Emiliano José lança candidatura sábado com presença do governador Jaques Wagner

Jornal Feira Hoje - Professor doutor em comunicação social, Emiliano José lança candidatura sábado com presença do governador Jaques Wagner

AVANÇOS DO GOVERNO LULA.


POR BOB FERNANDES
 
Elza Fiúza/Agência Brasil
Para Pochmann, geração de 1,5 milhão de empregos formais sinaliza que o Brasil saiu mais forte da crise financeira internacional



Ana Cláudia Barros

O Brasil criou cerca de 1,5 milhão de empregos formais nos primeiros seis meses de 2010. A estimativa é do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que divulga, nesta quinta-feira (15), em Brasília, os números relativos a junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Na análise do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, o desempenho do primeiro semestre, considerado histórico, sinaliza, em primeiro lugar, que o País conseguiu sair mais forte da crise financeira internacional, que atingiu o mundo entre 2008 e 2009.

- Em segundo lugar, significa que os empregos estão não apenas sendo impulsionados pela capacidade instalada, que havia sido reduzida em função da crise. Mais do que isso: vêm sendo puxados pelos novos investimentos.
 
Sobre as projeções do ministro Lupi, que espera fechar 2010 com com 2,5 milhões de contratações com carteira assinada, Pochmann considera a estimativa factível.
 
- Nós trabalhamos na passagem do ano passado para este, com o número de 2 milhões, mas a expectativa de crescimento da economia nacional não era como está agora. Portanto, dada a evolução até o momento, esse novo ritmo, é bastante provável que nós tenhamos um universo de empregos gerados acima de 2 milhões, aproximando-se dos 2,5 milhões.
 
Mais do que expressivo, segundo o economista, o número é inédito na história do Brasil. Na prática, significa dizer que, a cada dez postos de trabalhos gerados, nove já são formais, conforme explica o presidente do Ipea.

- Desde a introdução da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que não havia se registrado experiência como essa. Isso acontece depois de toda a avalanche de argumentos, nos anos 90, de que o Brasil não geraria empregos com carteira assinada porque a CLT estava ultrapassada e impossibilitava isso.

terça-feira, 13 de julho de 2010

José PEDÁGSERRITLER

É FANTÁSTICOOOO!




O significado do almoço de Lily Marinho





Para entender direito o significado desse almoço oferecido por Lily Marinho a Dilma Rousseff.

Dona Lily é personagem de um mundo fantástico do Rio de Janeiro, da fase áurea dos anos 40 quando, ao lado do marido Horácio de Carvalho, do casal Walter Moreira Salles-Helene, Aloisio Salles-Peggy, dominava os salões da cidade, nos tempos em que Roberto Marinho ainda não tinha chegado ao primeiro time.

O primeiro marido Horácio Carvalho foi pessoa influente no governo Dutra e no governo JK. Dono do Diário Carioca - ao lado de José Eduardo Macedo Soares -, e da Erika - editora de revistas -, acabou repassando a empresa para Samuel Wainer, em um episódio que deu muito pano para manga para Carlos Lacerda.

Mesmo com todo esse histórico, dona Lily nunca teve atuação política. Viúva, casou-se com Roberto Marinho, foi companheira dos últimos anos do patriarca, mas jamais teve ingerência em qualquer negócio das Organizações Globo. Nem é mãe de seus filhos.

Assim, a importância desse almoço é simbólica: reside em derrubar preconceitos da velha elite carioca contra a candidata do PT.

Não é pouco.

Sob Kamel e Merval, as Organizações Globo martelam há anos a tecla do preconceito. É algo que se espraia por toda a programação, dos jornais de TV aberta à CBN, de programas de entrevista na Globonews até programas voltados para adolescentes.

É massacrante.



Como mulher que freqüentou os mais importantes salões do mundo, que acompanhou os jogos de poder desde que chegou da França para deslumbrar a sociedade carioca, que foi a companheira dedicada do mais influente homem de mídia do país, depois de Assis Chateaubriand, dona Lily mostra que a tática de preconceitos pega apenas súditos desinformados. Mais que isso, manifesta apoio à candidata amaldiçoada pela Globo, a admiração de quem conhece os meandros do poder, sabe do capacidade de massacre da Globo, e reconhece a solidez do alvo.

A partir de agora, na sociedade carioca, a candidatura de Dilma passa a ser "in".

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Onde esta Barack Obama?

BP: Operação Bota ainda em marcha



Não é possível contar toda a história de canalhices da British Petroleum em poucas páginas, nem as conseqüências de seus negócios na geopolítica, na balança da guerra e da paz, na economia, no meio ambiente e no mundo em geral, envolvendo desde a política do Oriente Médio até pessoas sem posses, às vezes assassinadas em comunidades remotas. Este artigo oferece apenas um vislumbre da enormidade de crimes cometidos por essa empresa. A BP não representa nenhuma exceção entre as empresas petroleiras nem entre as grandes corporações. Sua história, além do vazamento de petróleo no Golfo do México, constitui um exemplo de enorme poder e impunidade. O artigo é de Julie Wark, do SinPermiso.

Julie Wark - SinPermiso

O primeiro golpe de estado da British Petroleum, na ocasião chamada Anglo-Iranian Oil Company, foi executado com a ajuda da CIA em 1953. Cento e cinqüenta e sete anos mais tarde, seus golpes de estado consistem em usurpar, comprar ou driblar as funções do Estado. Hoje o Mineral Management Service (Serviço de Administração de Minerais), do Departamento do Interior dos Estados Unidos parece estar sob seu mando. Apenas onze dias antes da catástrofe do Golfo do México, a BP conseguiu para esta operação a “exclusão categórica” do estudo de impacto ambiental da National Environment Policy (Política Nacional Ambiental) (1).

Com sede em Londres e escritório central nos EUA localizado em Houston, a BP é a maior corporação do Reino Unido e uma das maiores do mundo. Os negócios da primeira empresa a explorar petróleo no Oriente Médio remontam a 1901 e a um “bon vivant” londrino, William Knox D’Arcy, que negociou direitos de exploração com Mozzafar al-Din Xá Qajar, da Pérsia (Irã). O negócio passou por vários nomes: Anglo-Persian Oil Company (1908), Anglo-Iranian OilCompany (1935), British Petroleum (1954), BP Amoco (1998) e, em 2000, BP. Em 1913, o governo britânico adquiriu a participação majoritária, mas com a campanha privatista de Margaret Thatcher, a totalidade de seus ativos foi vendida entre 1979 e 1987.

O delírio de riqueza do “bon vivant” de Londres transformou-se em pesadelo para milhões de pessoas em todo o mundo, começando pelo Irã. Nas cláusulas contratuais da primeira exploração, além das condições de trabalho dos operários iranianos roçando a escravidão, descartou-se desde o início a soberania do país. Em agosto de 1941, a Grã Bretanha e a União Soviética ocuparam o Irã e rapidamente forçaram o repressor Xá Reza a abdicar em nome de seu filho Mohammed Reza Pahlevi, inaugurando assim um novo regime de repressão, corrupção, brutalidade e luxo extremo. Em 1951, o Majlis (parlamento) votou unanimemente pela nacionalização e, pouco depois, tomou posse no cargo de primeiro ministro o respeitado estadista Mohammed Mossadegh. A reação dos ingleses foi draconiana e, hoje em dia, fartamente familiar: bloqueio militar, fim da exportação de bens vitais, congelamento de contas bancárias na Inglaterra, e articulações nas Nações Unidas para aprovar resoluções contra o Irã. Mossadegh buscava uma solução negociada, mas os ingleses já tinham optado pela força e, em 1952, alegando o perigo do comunismo no debilitado Estado, obtiveram o respaldo do presidente Eisenhower. Em 1953, com políticos, militares, criminosos, prostitutas e jornalistas bem comprados, e informada pela embaixada britânica e seus espiões, a CIA conseguiu executar seu primeiro golpe de Estado, pro meio do qual reinstalou no poder o Xá Reza Pahlevi.

A tirania do Xá preparou o terreno para a revolução islâmica de 1979. Com o endurecimento do regime do Irã formou-se uma rede global anti-ocidental cada vê mais dependente das táticas do terror. O que os ingleses batizaram como Operation Boot (Operação Bota) e os estadunidenses “Operation Ajax” “(...)ensinou aos tiranos e aos déspotas que os governos mais poderosos do mundo estavam dispostos a tolerar a opressão sem limites sempre e quando os regimes opressivos tratassem bem o Ocidente e suas empresas petroleiras. Isso ajudou a mudar o equilíbrio político contra a liberdade e a favor da ditadura” (2).

Há poucos lugares no mundo a salvo da espoliação da BP. Na Colômbia, a empresa é acusada de beneficiar-se do regime de terror dos paramilitares que protegiam os 730 quilômetros do oledoduto Ocensa, e foi obrigada a pagar uma indenização multimilionária a um grupo de camponeses. O oleoduto causou desmatamento, deslizamento de terras, contaminação do solo e diminuição do lençol freático. Colheitas foram perdidas, criações de peixes foram arruinadas e muito gado morreu. Em 1992, a BP firmou um contrato com a empresa inglesa Defence Systems Ltda (DSL) que estabeleceu a Defence Systems Colômbia (DSC) (3) para suas operações colombianas. Três anos mais tarde, a BP firmou acordos com o Ministério da Defesa da Colômbia segundo os quais a BP pagaria ao governo US$ 2,2 milhões que seriam utilizados em sua maior parte para a Brigada XVI do exército proteger as instalações da BP.

A Brigada introduziu na zona de Casanare a guerra suja ou, como diz o povo, a tática de deixar o peixe fora d’água. A DSC ensinava estratégias militares e de contrainsurgência à polícia encarregada de proteger o perímetro das instalações. A população aterrorizada a considerava com razão mais uma força militar na zona. Além disso, um empregado da DSC revelou a jornalistas ingleses que havia trabalhado para coordenar uma rede de espiões nos povoados da zona do oleoduto para controlar os líderes sindicais e comunitários. O departamento de Segurança da empresa Ocensa pagava delatores e compartilhava informações com o Ministério da Defesa e com a brigada local do exército (4). Em resumo, a BP criou uma zona de exceção na Colômbia.

Na Ásia Central, a BP é um membro destacado do consórcio Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC) que controla o oleoduto que passa pelo Azerbaijão, Geórgia e Turquia, o qual, fortemente financiado pelo Banco Mundial e por outras agências estatais, foi inaugurado em junho de 2005. Demandas judiciais contra o governo da Turquia relativas a abusos de direitos humanos foram apresentadas no Tribunal de Justiça da União Européia e no Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Não obstante, o governo turco concedeu a BTC poderes sobre o corredor do oleodouto que anulam as leis de direitos humanos, ambientais e sociais, e despojam os povos da região de seus direitos civis. BTC tem acesso limitado à água e está isento de responsabilidade no caso de um derramamento de petróleo. O oleoduto requer um corredor militarizado que põe em perigo o frágil acordo de trégua de hostilidades entre Turquia e grupos curdos. Mesmo antes de ser concluído, o oleoduto BTC já influía na geopolítica petroleira. Ele é de enorme importância estratégica na Transcaucasiana e, graças a BTC, os EUA e outros poderes ocidentais podem intervir muito mais nos assuntos da região.

Nem os Estados Unidos estão imunes. Os dados do inventário de emissões tóxicas da Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental) identificam a BP como a empresa mais contaminadora do país. Em 1999, uma filial, a BP Exploration Alaska, teve que pagar US$ 22 milhões por danos provocados pelo vazamento de resíduos tóxicos em Endicott Island. Em agosto de 2006, foi obrigada a fechar as instalações da Bahia Prudhoe em conseqüência de um derramamento de petróleo e diesel. Na Califórnia, a BP é um dos patrocinadores mais generosos de uma iniciativa legislativa para eliminar a lei de Unfair Business Competition (Lei de Competição Desleal) usada por grupos ambientalistas para processar empresas petroleiras pela contaminação de água potável por éter-metil-tert-butílico (MTBE). No Canadá, a BP extrai petróleo de areias de alcatrão, um processo que consume enormes quantidades de água e produz quatro vezes mais emissões de dióxido de carbono do que a perfuração convencional. O povo indígena Cree denuncia que a empresa está destruindo o velhíssimo bosque boreal, degradando o território com suas minas a céu aberto, contaminando tanto a água como a cadeia alimentar e pondo em perigo a fauna silvestre e sua forma de vida (5).

Os tentáculos da BP se estendem também no ensino superior. Em fevereiro de 2007, em meio a uma forte oposição de professores e alunos, a administração da Universidade da Califórnia, em Berkeley (UCB), anunciou um convênio entre a UCB e a BP, pelo qual a empresa financiaria com US$ 500 milhões durante dez anos o Instituto de Biociências da Energia, dedicado à investigação de biocombustíveis e biologia sintética. Com essa demonstração de poder em uma universidade pública, com esta vontade de privatizar o trabalho intelectual e de comercializar os resultados da investigação, a BP faz com que “(...) os trabalhadores dos países desenvolvidos mais influentes subvencionem a exploração de mais bens ecológicos do mundo em vias de desenvolvimento para servir às elites, aqueles que não se importam em tirar a comida da boca do povo para encher seus bolsos de ouro. Socializar os gastos para benefício privado não é nada novo no sistema capitalista. Não obstante, esse caso dá outra volta no parafuso com a combinação de ciência desacreditada, imperialismo ecológico e o sofisma do desenvolvimento sustentável” (6). Com este golpe, a BP consegue o controle de cientistas universitários, de alunos e de laboratórios além de dotar seus projetos supostamente sustentáveis de um verniz acadêmico.

A BP tem um negócio de bilhões de dólares com o governo dos EUA na forma de contratos de defesa anuais e como fornecedor principal de combustível ao maior consumidor mundial de gás e petróleo: o Pentágono. Segundo o Center for Responsive Politics, a BP ocupa o centésimo lugar entre os doadores mais importantes das campanhas políticas: mais de US$ 5 milhões desde 1990 repartidos entre republicanos e democratas, com os percentuais de 72% e 28%, respectivamente. O Centro aponta o presidente Obama como o destinatário que mais se beneficiou durante os últimos 20 anos das doações do comitê de “ação política” da BP ($77.051) (7). A BP, seus comitês de “ação política” e seus empregados contribuíram com mais de US$ 3,5 milhões aos candidatos federais durante os últimos cinco anos, fora o dinheiro destinado ao lobby. Em 2009, liberou US$ 15,9 milhões em seus esforços por influir na política energética nacional (8). Desta maneira, com uma gestão bem azeitada, consegue-se a “exclusão categórica” da política ambiental.

Evidentemente, a BP não trabalha sozinha. Um rápido olhar sobre algumas de suas conexões corporativas e governamentais é educativo, para não dizer alucinante. O presidente do Goldman Sachs Internacional, Peter Sutherland – que, com oito outros gerentes do Goldman Sachs, recebeu mais de US$ 12 milhões em honorários em 2009 – (9) e presidente da BP até que muito astutamente demitiu-se em dezembro de 2009, tem um currículo fascinante na página da Comissão Trilateral (10): “(...) É também presidente do Goldman Sachs International (1995 – até agora). Nomeou-se presidente da London School of Economics em 2008. Atualmente é representante especial da ONU para a Migração e o Desenvolvimento. Anteriormente era diretor-geral fundador da Organização Mundial do Comércio (OMC) e diretor-geral do Acordo Geral Sobre Comércio e Tarifas (GATT) desde julho de 1993, além de desempenhar um papel decisivo nos acordos da Rodada Uruguai, do GATT. É membro do comitê diretor do grupo Bilderberg e também assessor financeiro do Vaticano”.

Igualmente astuta foi sua empresa Goldman Sachs quando vendeu 44% de suas ações da BP no primeiro trimestre de 2010, embolsando cerca de US$ 266 milhões e economizando US$ 96 milhões a preços atuais (11). As cifras apontadas pelo Center for Responsive Politics demonstram que o comitê de “ação política” do Goldman Sachs e empregados individuais doaram US$ 994.795 durante 2007 e 2008 para a campanha de Obama. Outro homem da BP com agudo senso de oportunidade é o chefe executivo Tony Hayward – anteriormente membro da junta consultiva do Citibank – que vendeu ações da BP avaliadas em US$ 2.130.000, um terço de sua participação, somente algumas semanas antes do desastre do Golfo do México (12). Já os aproximadamente 18 milhões de acionistas ingleses não foram tão bem informados, especialmente muitos pensionistas, já que os fundos de aposentadoria britânicos dependem de lucros na Bolsa que pagam 1 libra de cada 7 que recebem anualmente. A queda livre do preço das ações de “rentabilidade segura” da BP até mais de 50% de seu valor em abril e o fato de que a empresa terá que pagar cerca de US$ 13,5 bilhões para um fundo de compensação significam que o pagamento de dividendos ficará suspenso até, no mínimo, 2011.

Demandada juntamente com a BP na maioria das 150 ações judiciais provocadas pelo desastre do Golfo do México, está a Halliburton Energy Services, a empresa contratada para a parte técnica da operação, encarregada da injeção de cimento no subsolo. Esta equipe foi forjada há anos durante o planejamento da invasão do Iraque. A BP foi encarregada, então, pelo Ministério do petróleo inglês de realizar estudos técnicos e de fornecer assessoria, análise e formação para o campo petrolífero de Rumaila. Nas palavras de Ethical Consumer:

“(...) antes da invasão, a BP treinava as tropas inglesas para manter e dirigir os campos petrolíferos que tinham sido apoderados no sul do Iraque. A gigante estadunidense Halliburton, que fornece serviços às empresas para a exploração, o desenvolvimento e a produção de petróleo e gás, foi encarregada de restaurar e reconstruir a infraestrutura petroleira e, nesta condição, acompanhava as tropas aos campos petrolíferos” (13).

Há alguns dias, um consórcio dirigido pela BP conseguiu o contrato para desenvolver o maior campo petrolífero do Iraque, Rumaila.

Não é possível contar toda a história de canalhices da BP em poucas páginas, nem as conseqüências de seus negócios na geopolítica, na balança da guerra e da paz, na economia, no meio ambiente e no mundo em geral, envolvendo desde a política do Oriente Médio até pessoas sem posses, às vezes assassinadas em comunidades remotas. Essas notas oferecem apenas um vislumbre da enormidade de crimes cometidos por essa empresa. A BP não representa nenhuma exceção entre as empresas petroleiras nem entre as grandes corporações. Sua história, além do vazamento de petróleo no Golfo do México, constitui um exemplo mais de seu enorme poder e impunidade. E não há nada reconfortante na notícia da semana anterior que nos informa que o novo governo de coalizão britânico considera conveniente nomear o antigo chefe executivo da BP (1995-2007), também antigo diretor não executivo de Goldman Sachs e “O Rei Sol”, Lord Browne, como o novo superdiretor de Whitehall, encarregado de difundir, no coração do governo, o espírito de valores comerciais” (14). Enquanto isso, a linguagem dos impunes delata bastante a continuada presença da bota. Em junho, um porta-voz da Casa Branca afirmou que a tarefa do presidente Obama é apertar a bota no pescoço da BP, enquanto que o jornal inglês The Telegraph (15) diz que a bota de Obama aperta o pescoço dos pensionistas ingleses. Na verdade, os impunes diretores e funcionários fabulosamente bem remunerados da BP estão calçando as mesmíssimas botas e pisoteiam gente indefesa.

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