terça-feira, 29 de junho de 2010

Cala a boca, Jabor!

E A GLOBO NÃO SE EMENDA!

BASTIDORES DA BRIGA DO TÉCNICO DUNGA COM O SISTEMA gLOBO



Um desentendimento entre o técnico Dunga e o repórter e comentarista Alex Escobar, da Rede Globo de Televisão, durante entrevista coletiva à imprensa dada logo após a vitória do Brasil sobre a Costa do Marfim, por 3x1, surpreendeu muita gente. E como a emissora primeiro e depois outros meios de comunicação repercutiram isso, de uma forma incompleta, ficou a impressão de que o gaúcho havia simplesmente sido mal educado, sem a menor razão. O que não é verdade.

Excesso de sinceridade, talvez até uma dose de grossura, Dunga tem. Mas ele não costuma ser indelicado gratuitamente com ninguém. E quem o conhece sabe que isso é a mais pura verdade. Então,VAMOS AOS FATOS QUE ANTECEDERAM OS PALAVRÕES DE DUNGA, E QUE A EMISSORA OMITIU NA SUA VERSÃO DA HISTÓRIA.

01 – Na segunda-feira, véspera do jogo da estréia da seleção, contra a Coréia do Norte, por volta das 11 horas da manhã (hora local da África do Sul), Fátima Bernardes, a toda-poderosa “Primeira-Dama” do jornalismo televisivo nacional, acompanhada do repórter Tino Marcos e mais uma equipe completa de filmagem, iluminação, etc, chegou na entrada da concentração da equipe brasileira. Indagada pelo chefe de segurança sobre o que desejava, a esposa de William Bonner disse que estavam lá para fazer uma “reportagem exclusiva” para a TV Globo, com o treinador e alguns jogadores que ela escolheria. Comunicado do fato, Dunga foi pessoalmente até o portão, ouviu dela a mesma história, e disse que não. Afirmou que lá ninguém tinha regalias e que as entrevistas eram e continuariam sendo todas coletivas, sem privilegiar nenhum meio de comunicação. “Ou se fala para todas, ou para nenhuma”, teria dito ele, no seu jeito curto e grosso.

A mulher ficou indignada e disse que isso tinha sido acertado pessoalmente entre Renato Maurício Prado (chefe de redação de esportes de O Globo) e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. “Tenho autorização para fazer a matéria”, bateu pé a apresentadora do Jornal Nacional. “Não tem não, porque aqui dentro mando eu”, respondeu Dunga, segundo as testemunhas. Ele teria acrescentado ainda que se o presidente da CBF desse esta ordem, ele se demitiria na hora, pelo desrespeito ao trabalho que vinha sendo feito. Depois, o treinador teria simplesmente virado as costas e ido embora, deixando a supra-sumo do pedantismo do lado de fora do portão.

02 – A coragem de Dunga, que foi o primeiro a peitar a Vênus Platinada em 40 anos de transmissões esportivas, custou caro para ele. Houve uma súbita mudança de comportamento em relação a ele, em todos os programas. O Jornal da Globo na mesma noite baixou a lenha nele, sem contar o episódio e questionando suas qualificações como treinador e até como pessoa. Só desafetos dele ganharam espaço no Globo Esporte. E o Alex Escobar foi instruído para provocar o gaúcho, que é pavio curto e revidou na coletiva. Depois disso, com o pretexto em mãos, Tadeu Schmidt leu um editorial no Fantástico contra o treinador. E o jornal O Globo dedicou amplos espaços para destacar todos os defeitos de Dunga, esquecendo que ele até agora ganhou todas as competições (foram três) que disputou, venceu a Itália e outras seleções destacadas, e goleou três vezes a Argentina, uma das quais em Buenos Aires. Ou seja, as qualidades (que existem) foram esquecidas e os defeitos (que existem) foram ampliados.

03 – Outras emissoras de rádio e jornais brasileiros repercutiram o acontecido, sem o devido cuidado de saber o que havia nos bastidores. Mas a verdade é que o grande crime do cara foi “mijar” no poder. Deve passar à história como um exemplo positivo. Algo antes só acontecido quando João Saldanha mandara o ditador de plantão ir cuidar dos ministros dele, ao invés de dar pitacos na escalação da Seleção de 1970. Isso custou o emprego dele, herdado pelo pára-quedista e amenzista Zagallo. Mas a dignidade ficou intacta e ninguém vai superar Saldanha em coragem. Agora, com Dunga, sem poder demiti-lo diretamente, como a Confederação fez em 70, ela também dirigida por militares golpistas, a Globo usa o recurso da difamação. E, vingativa como é a direção da emissora, isso vai longe.

04 – Como os tempos agora são outros, a reação no mundo virtual foi imediata. Depois de lido o editorial no Fantástico, a frase “Cala a boca, Tadeu Schmidt!” bateu recordes no Twitter, superando até mesmo a líder absoluta de até então nos Trending Topics, a “Cala a boca, Galvão!”. O técnico foi defendido quase que por unanimidade entre as pessoas que postam comentários na rede. E o apoio por ele recebido, não parou por ai. Agora os twiteiros lançaram a proposta de “Dia Sem Globo”, para a próxima sexta-feira. A sugestão é que ninguém sintonize aquela emissora, na transmissão de Brasil x Holanda, optando pela Bandeirantes ou outra qualquer. TEMOS QUE DEIXAR DE SER GADO MANSO, MOSTRAR QUE NÃO SOMOS TROUXAS MANIPULÁVEIS.

Junte-se a nós! Divulgue esta idéia e participe da iniciativa.

NESTA SEXTA, NÃO VEJA O JOGO NA GLOBO, EM APOIO A DUNGA.

Ah! em tempo, não sou muito fã do Dunga não, mais essa globo!!!
Jornal A Tarde, da Bahia, ressalta apoio do presidente Lula a Wagner do PT


O jornal A Tarde (28/06) de Salvador, na cobertura da convenção do PT que homologou a candidatura à reeleição de Wagner, registrou o que o repórter Aguirre Peixoto entendeu como um “deslize” de Dilma Rousseff: “Dilma não declarou voto para nenhum dos candidatos, mas cometeu um deslize ao contar uma conversa telefônica que tinha tido com Lula, no qual este manifestou apoio a Wagner.

Segundo o jornal, “a ex-ministra revelou, durante a entrevista coletiva, que falou ao telefone com o presidente Lula, antes de ir à convenção do PT da Bahia e este lhe passou o seguinte recado: “Manda meu abraço pro Galego (apelido pelo qual Lula se refere a Wagner) e pra Fátima e fala pra esse Galego não parar de brigar e ver se ele se eleger nessa eleição governador do estado da Bahia”.

Dilma Rousseff também anunciou os primeiros compromissos de campanha para a Bahia: comprometeu-se a concluir em seu governo a Ferrovia Leste-Oeste e trabalhar para que o estado tenha estaleiros. A ferrovia de 1,4 mil quilômetros teve a licitação lançada em março e vai ligar Tocantins ao porto de Ilhéus. Wagner tem defendido a ferrovia como alternativa de escoamento de bens produzidos no estado. Já o estaleiro da Petrobras tem sido motivo de disputa da Bahia com Pernambuco.

A estratégia de Wagner foi apontada na convenção do PT. Wagner vai apostar no prestígio do presidente Lula no nos avanços sociais de seu próprio governo na Bahia. O presidente Lula estará presente no jingle de campanha em ritmo de forró afirmando que “esse Galego é meu irmão de fé. O povo vai votar em Wagner governador da Bahia”. O trecho foi retirado do discurso de Lula na campanha de 2006.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

PARCIALIDADE X IMPARCIALIDADE

PSDB afronta lei e faz programa com Serra. Dona Cureau não vai falar nada?


 

Exatamente um mês depois de acusar o PT de uso eleitoral do horário político por promover Dilma Rousseff,o tucano José Serra usou ontem o programa partidário de dez minutos na televisão para fazer campanha política para o candidato tucano;"Vamos juntos. O Brasil pode mais", conclamou, usando o slogan de campanha.

Serra monopolizou o programa, fazendo até promessas de campanha."O Bolsa-Família, antes tratado como o Bolsa-Esmola pelo PSDB, agora, deve ser ampliado e fortalecido", disse Serra.Serra , que também foi apresentado como um político que privilegia a educação. No entanto, não lembrou que a greve dos professores que lutam por melhores salarios foi duramente combatida a base de cassetete pela polícia.

Quando digo que o Brasil pode mais, é porque pode mais. Agora, é preciso saber fazer daqui para frente. Eu acho que eu sei — afirmou Serra.O programa tucano de ontem - que deveria, como prevê a lei, ser de divulgação partidária, foi de indisfarçável propaganda eleitoral de José Serra. Esperamos que a procuradora Sandra Cureau, não esteja muito ocupada perseguindo blogs de esquerda e que tenha visto a ilegalidade cometida pelo PSDB.

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DE FORMA EFETIVA E SUSTENTÁVEL

O Programa Nacional de Biodiesel: avanços e limites



Do ponto de vista produtivo, é inquestionável o sucesso do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. No curto espaço de cinco anos, o programa conseguiu induzir a formação de um parque industrial capaz de atender a uma demanda de cerca de dois bilhões e meio de litros de biodiesel. O PNPB não apenas conseguiu atender à demanda antecipada do B5, como alcançou uma capacidade produtiva bem superior à demanda atual. Contudo, do ponto de vista distributivo e da justiça social, o programa ainda precisa avançar muito. O artigo é de Georges Flexor, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Georges Flexor (*)

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) completou em janeiro de 2010 cinco anos. Dado que a meta de adicionar 5% (B5) de biodiesel ao diesel mineral foi alcançada oficialmente em 2010, antecipando em três anos a previsão inicial, e que o mercado de biodiesel encontra-se relativamente bem estruturado, o momento atual pode ser apropriado para tecer algumas considerações avaliativas sobre o caminho percorrido.



Do ponto de vista produtivo, é inquestionável o sucesso do PNPB. No curto espaço de cinco anos, o programa conseguiu induzir a formação de um parque industrial capaz de atender a uma demanda de cerca de dois bilhões e meio de litros de biodiesel. O PNPB não apenas conseguiu atender à demanda antecipada do B5, como alcançou uma capacidade produtiva bem superior à demanda atual. Não existem, portanto, riscos de desabastecimento no horizonte próximo. Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia, divulgado recentemente pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), se o índice de adição de biodiesel permanecer em 5%, a capacidade produtiva atual será suficiente para garantir uma oferta segura do combustível até 2019.



A implementação do PNPB gerou também alguns benefícios econômicos adicionais. A adição de biodiesel ao combustível fóssil, por exemplo, proporcionou economias de divisas, já que o Brasil importa um volume significativo de diesel mineral. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a mistura de 4% (B4) em vigor desde julho de 2009 permitiu uma economia de divisas de US$ 1,3 bilhão. A produção de biodiesel, além disso, estabeleceu uma nova demanda por óleos vegetais, um produto cujo valor é superior ao grão in natura. Dado o baixo crescimento do consumo por óleos vegetais (1,8% ao ano) no Brasil, a demanda criada pelo PNPB garantiu um mercado seguro para um produto que se fosse exportado na forma de grão, de óleo ou de farelo enfrentaria condições de comercialização muito mais incertas.


O êxito industrial do PNPB está em grande parte associado a uma série de ajustes institucionais que minimizaram os riscos dos empreendimentos empresariais. Em primeiro lugar, cabe assinalar as sucessivas mudanças no cronograma de implementação do programa. Inicialmente, a Lei 11.097 (lei do biodiesel) determinou um prazo de oito anos para o B5 (2013) e de três anos para B2 (2008). No entanto, esses prazos foram encurtados: o B2 foi autorizado em 2005, o B3 em 2009 e o B5 em 2010. Solicitado pelos produtores de biodiesel e avaliado positivamente pelo governo, este ajuste no cronograma proporcionou uma demanda crescente e segura para a indústria.



Em segundo lugar, foram alteradas as regras de participação nos leilões de biodiesel organizados pela ANP. No começo do programa, os leilões eram eletrônicos. O objetivo era promover a impessoalidade necessária ao bom funcionamento dos mecanismos de mercado. Num contexto ainda marcado pela incerteza quanto ao desenvolvimento do mercado do biodiesel, as regras estabelecidas, no entanto, incentivaram práticas de preços predatórias por parte das empresas, resultando em deságio importante nos primeiros leilões. Nos leilões seis e sete, por exemplo, o deságio médio foi de mais de 22%. Como a franje menos robusta da indústria não se sentia capaz de sustentar esse padrão de mercado, havia temor de quebra.


No estágio embrionário no qual se encontrava a indústria brasileira de biodiesel naquele momento, a possibilidade de falências era bastante crível e as perdas não eram somente privadas como políticas. Sem informações adequadas sobre o estado de saúde das empresas e temendo o fracasso de um programa econômica e politicamente atraente, o governo concordou em alterar as regras e a ANP instituiu pregões presenciais. O resultado desse ajuste institucional foi imediato: o deságio médio nos dez leilões seguintes não ultrapassou os 8,40%. A ANP, além de alterar as regras no intuito de garantir maior estabilidade dos preços, elevou os preços de referência – já a partir do sexto leilão – de modo que as condições de lucratividade da indústria melhoraram bastante. Ainda que os leilões presenciais tenham terminado recentemente – o décimo sétimo e o décimo oitavo leilões voltaram a ser eletrônicos –, o ajuste promovido no momento de maior incerteza quanto ao futuro da oferta de biodiesel revelou-se estratégico para o sucesso produtivo do programa.

Contudo, do ponto de vista distributivo e da justiça social, os resultados dos cincos primeiros anos de vida do PNPB são mais desanimadores, estando longe de atingir as metas esperadas inicialmente. O principal diferencial do PNPB em relação a outras políticas energéticas foi procurar estimular a produção de um novo combustível e promover a inclusão da agricultura familiar, nordestina em particular. Este aspecto, além de representar um fator de legitimidade para o governo e alimentar as expectativas das bases sociais que o apoiaram, era visto como fundamental para promover um modelo de desenvolvimento socialmente mais justo.

No entanto, até agora, este tem sido um dos aspectos mais problemáticos do programa. Os problemas gerenciais da Brasil Ecodiesel e seus efeitos negativos sobre a confiança dos agricultores familiares em relação aos benefícios do programa mostram que a articulação entre a agricultura familiar e a produção de biocombustível é complicada e que não existem a priori evidentes benefícios mútuos. De maneira mais geral, a incorporação de agricultores familiares num programa energético ambicioso e carregado de interesses diferenciados não tem se mostrado fácil.



Os interesses, valores e rotinas que sustentam as políticas energéticas, usualmente pautados por normas de segurança e de planejamento de longo prazo, não aderem facilmente ao objetivo de inclusão dos agricultores familiares nordestinos, já que estes são, geralmente, pouco capitalizados e organizados e, muitas vezes, não têm familiaridade com relações contratuais de médio e longo prazos. Além disso, são atores que enfrentam um recorrente problema de acesso a água e solos de qualidade. Em consequência, a oferta de matéria-prima torna-se mais incerta e os custos de coordenação das atividades elevam-se criticamente. A articulação desses mundos tão diferentes mostra-se, logo, complicada e fonte de problemas potenciais.

Esses problemas estruturais da inclusão da agricultura familiar, no entanto, poderiam em tese ser trabalhados e parcialmente resolvidos pelo programa. Mas os caminhos traçados pelo PNPB tomaram outros rumos, pelo menos até agora. A pressão dos produtores de biodiesel e a correlação de forças econômicas e políticas envolvidas no PNPB, dentro e fora do governo, somadas às preocupações quanto à sobrevivência do programa, induziram a adoção de uma estratégia que priorizou a garantia da oferta do biocombustível.



Ao mesmo tempo, admitiam-se temporariamente resultados sociais inexpressivos e a necessidade de revisão dos modos de atuação junto aos pequenos produtores. Assim, enquanto a indústria de biodiesel goza de relativa tranquilidade, recaiu sobre a Petrobras Biocombustível a árdua tarefa de promover uma cadeia de suprimentos no Nordeste e manter vivas as aspirações éticas do PNPB.

Os ajustes realizados para garantir os empreendimentos empresariais tiveram também efeitos distributivos não desejados na fase de formatação do PNPB. Ao alterar as regras dos leilões e encurtar o cronograma de implementação, a ANP acabou favorecendo os diferentes atores da cadeia de soja, a única estrutura organizacional capaz de responder aos desafios postos pela necessidade de abastecer um mercado desse tipo e dessa amplitude. Trata-se, com efeito, da única matéria-prima com oferta estruturada, segura e abundante de modo que cerca de 80% do biodiesel brasileiro é produzido a partir da soja (as demais matérias-primas significativas são o sebo bovino e o girassol). O PNPB, nesse sentido, transfere um volume de recursos não desprezível para os sojicultores do Centro-Oeste e Sul do Brasil, resultando num efeito distributivo não esperado e perturbador para as aspirações sociais do programa.



A dependência da soja e as dificuldades em promover a inclusão social dos agricultores familiares representam os principais desafios do PNPB. No tocante à primeira questão, o governo tem se empenhado em desenvolver alternativas fomentando pesquisas e animando uma Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel que visa articular os esforços dos atores e eliminar os gargalos tecnológicos do PNPB. Os esforços realizados permitiram revelar inúmeras fontes alternativas, como macaúba, microalgas, óleo de fritura, pinhão-manso e outras potenciais oleaginosas escondidas nos mais diversos ecossistemas brasileiros. Mas, no estágio atual de conhecimento e desenvolvimento tecnológico, essas alternativas não representam opções críveis do ponto de vista industrial e provavelmente levarão certo tempo para se posicionar como matérias-primas abundantes e seguras para a produção de biodiesel. Até mesmo o dendê, que tem recebido atenções especiais por parte dos pesquisadores e do governo devido à sua produtividade e ao fato de ser cultivado preferencialmente no Norte do país, carece de conhecimentos e escala produtiva.



Para solucionar o problema da inclusão dos agricultores familiares no Nordeste, público-alvo privilegiado do PNPB, as esperanças do governo repousam nas capacidades operacionais, logísticas e financeiras da Petrobras Biocombustível. Aposta-se que a empresa, que iniciou a produção de biodiesel em três plantas (na Bahia, no Ceará e no Norte de Minas Gerais), possui recursos financeiros e humanos suficientes para arcar com os custos de organizar a cadeia de suprimentos. E, talvez, o mais importante: ela não sofre a mesma pressão por lucros imediatos que um empreendimento privado e é provavelmente mais propensa a aceitar um prazo maior para alcançar resultados positivos. Por outro lado, se conseguir estruturar uma cadeia confiável, gerar benefícios econômicos líquidos e promover melhorias sociais, a empresa obterá dividendos econômicos e políticos invejáveis. Mas esta é ainda uma questão em aberto.



O cenário atual do mercado de biodiesel no Brasil é mais um exemplo de que a ação pública é capaz de induzir o desenvolvimento industrial de forma bastante efetiva. No entanto, os problemas que podem limitar a expansão do biodiesel e a legitimidade do PNPB são importantes. Os mais críticos residem na grande dependência da soja e na baixa inclusão da agricultura familiar. Se esses problemas não forem minorados, a produção de biodiesel perderá grande parte de seu apelo e apoio social e político.



Com efeito, como legitimar um biocombustível com baixo rendimento por unidade de terra e que não cumpre com seu objetivo de inclusão social? A materialização de uma política de promoção dos biocombustíveis capaz de combinar critérios de justiça e de eficiência depende provavelmente do desenvolvimento de novos cultivares e do ritmo de aprendizagem dos diferentes atores envolvidos. Em outras palavras, a legitimidade do PNPB está relacionada em grande parte a investimentos em ciências e tecnologias e à institucionalização de mecanismos que possam induzir a cooperação e a formação de competências tanto individuais como coletivas.



(*) Professor do IM/UFRRJ, membro do Observatório de Políticas Públicas para Agricultura (OPPA/CPDA/UFRRJ), bolsista FAPERJ e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento/INCT-PPED.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

AS TRANSFORMAÇÕES DO PT

Por João Carlos Rodrigues Baptista
O PT é um partido de massas que aos poucos está se transformando num partido de quadros. É um processo natural, resultado da evolução do partido. O PT deixou de ser um partido revolucionário, da ruptura, para ser um partido social-democrata, das mudanças graduais. No entanto, observem bem que tão evolução do partido era inevitável no momento em que, já na sua fundação, o partido renunciou à luta armada e decidiu seguir a linha democrática. Ganhar eleições significa que é preciso administrar governos e é necessário administrar bem para ganhar novas eleições. Portanto, a via democrática impossibilita o caminho da ruptura.
Não há nada de errado nesse caminho para o PT. O Partido Trabalhista britânico na décadas de 20-30 do século passado fazia greves gerais na Inglaterra e que era um partido de sindicalistas (observem a semelhança de origem com o PT) evoluiu para a Social Democracia. E também seria muito bom lembrarmos que NÃO tivemos um partido realmente Social Democrata. O PSDB falhou terrivelmente nesse projeto, não conseguiu desenvolvê-lo e virou um partido da direita conservadora (porque não existe direita liberal no Brasil). Muitos dizem que o governo Lula roubou as bandeiras do PSDB, mas tenho a terrível impressão que o próprio PSDB as abandonou. Alguém tinha que ocupar o espaço político da Social Democracia, a centro-esquerda, e o PT já estava caminhando nessa direção.
 
De qualquer maneira, no momento o PT é um híbrido. Montou quadros, mas continua sendo um partido de massas. O movimento sindical está cada vez mais associado ao PT, agora que a Força Sindical abandonou o barco do PSDB. Aliás, aos poucos, os movimentos sociais, todos, estão abandonando o PSDB. Tudo bem que já havia poucos laços dos movimentos sociais com o PSDB, mas esses poucos laços estão desaparecendo.
 
Só vai faltar os intelectuais, que são de esquerda, também abandonarem o barco. Essa campanha presidencial do PSDB, que está sendo de extrema direita, vai causar isto.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Vamos Brasil


 Assim como um clube de futebol, um país não pode ter fins lucrativos ou orgulhar-se de ter dinheiro em caixa. Deve pagar em dia, sim, mas tem de usar todos os recursos disponíveis ao seu tempo na promoção do bem estar social.

Thales Guaracy 

segunda-feira, 14 de junho de 2010

gLOBO PROCURA MELHORES MOMENTOS DE SERRA E NÃO ACHA

Essa foto foi na Bahia?

Não tem um negro!

O Jornal Nacional fez propaganda eleitoral para José Serra (PSDB/SP) em sua edição por 5 minutos.

A matéria jornalística deveria ser para cobrir a convenção partidária, mas a TV Globo incluiu por conta própria (ou "talvez" por conta de prosas com o marqueteiro de Serra) uma mini-biografia do demo-tucano com cenas antigas de arquivo. Por isso deixou de ser apenas uma cobertura noticiosa, para se tornar uma peça publicitária eleitoral, viu Dra. Sandra Cureau?

Na parte em que levou ao ar o discurso de Serra, o JN teve dificuldade em encontrar os "melhores momentos". Acabou levando ao ar uma crítica à exitosa política externa do governo Lula, amplamente aprovada pela maioria dos brasileiros. Foi uma crítica na linha da revista Veja e da própria Globo. Falou para os eleitores fanáticos anti-Lula que já votam em Serra. Perdeu a oportunidade de mostrar algum discurso que tocasse mais à maioria dos brasileiros.

Ah! Em tempo: Esconderam FHC foi?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

ICEBERG NA ROTA PAULO SOUTO



Fraqueza política e escândalo na rota de Paulo Souto (DEM-BA)

O blog NOTAS DA BAHIA, pilotado pelo jornalista Giorlando Lima, comenta que Paulo Souto (DEM-BA) chega à convenção DEM/PSDB neste sábado (12), no Centro Espanhol de Salvador, com muitos problemas. Problemas chatos, como a dificuldade de atrair lideranças fora do velho padrão carlista; um nome simplesmente formal como candidato ao Senado para compor a chapa; uma relação difícil com o PSDB baiano. Até o PMDB se mete nos problemas políticos do DEM.

E tem mais:

“Depois da queda, o coice. Se não bastasse toda essa desgastante polêmica local, um pesadelo maior se avizinha para Paulo Souto. Pode ser que venha por aí um livro-dossiê do jornalista Amaury Ribeiro Júnior que dissecou os negócios de José Serra, a pedido do ex-governador Aécio Neves, segundo a imprensa para contrapor ameaças que o pessoal de Serra teria feito a Aécio nos tensos momentos que marcaram a discussão sobre a prévia tucana que acabou não ocorrendo.

O livro-dossiê tucano deverá trazer o histórico de negócios e relações de José Serra com Ricardo Sérgio e Gregório Marin Preciado, este último nome um dos compradores da Coelba e várias vezes repetido em ações e processos judiciais envolvendo a questionável doação da Ilha do Urubu por Paulo Souto no apagadas luzes do seu governo, no fim de 2006, apos sua derrota para Jaques Wagner.

Por essas e outras, Paulo Souto não deve estar com aquela cara dos comerciais de TV do DEM. Quem o encontrar por aí certamente o verá carrancudo como sempre foi, agora um pouco mais preocupado”.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

PIADAS DO PIG!




Para rir um pouco...

Acompanhar a velha imprensa brasileira é sempre uma forma de melhorar o humor. Muitos jornalistas se dedicam à comédia, mas quase sempre de forma involuntária.
 
Primeiro foi o comentário de um "analista econômico" no "Jornal da Globo", a alertar contra os perigos do crescimento econômico. PIB em alta é um perigo! Pra quem? Pra Globo, que vai perder a eleição abraçada ao Serra. He, he. Eles se superam. Vejam aqui o que o Azenha publicou sobre isso - http://www.viomundo.com.br/humor/pib-de-9-surto-demonstra-que-economia-do-brasil-esta-doente.html.
 
Agora, mais um pouco de humor. A "Folha" publica um "erramos" imperdível. Vejam:
 
Diferentemente do publicado em "Dilma diz que antes de Lula Brasil estava 'funhanhado'" (Poder - 08/06/2010-12h02) o valor do empréstimo internacional adquirido na época do governo FHC foi de US$ 38 bilhões e não de US$ 38 milhões. A petista também disse "funhanhado" e não "afunhunhado". O texto foi corrigido.
 
O jornal errou por uns bilhõezinhos de dólares. Mas achou um jeito de disfarçar o erro, corrigindo uma informação fundamental para o Brasil e o Mundo: Dilma disse "funhanhado", e não "afunhunhado".
 
Ah, bom. Que susto!
 
Agora, posso dormir tranquilo na África do Sul.
 
Só uma pergunta: FHC deixou o Brasil "funhanhado" ou quebrado?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

RELAÇÕES PERIGOSAS...

Relações de Paulo Souto (DEM-BA) e Serra passam pela Ilha do Urubu, privatização da Coelba e Daniel Dantas

As ligações perigosas de Paulo Souto, candidato do DEM ao governo da Bahia, com José Serra, candidato do PSDB à presidência, vêm de longe. E o elemento de ligação é o empresário espanhol Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de Serra, e suspeito de representar os interesses de Daniel Dantas em negociatas.

O nome do parente de Serra, Gregório Marin Preciado, aparece no escândalo da Ilha do Urubu. No apagar das luzes de seu governo, em 2006, Paulo Souto doou as terras públicas da Ilha do Urubu, em Porto Seguro, para a família Martins.

Quatro meses depois, a família vendeu as terras ilegalmente, por R$ 1 milhão, para o tal Gregório Marin Preciado. Este, revendeu a Ilha do Urubu ao mega especulador belga Philippe Meeus, por R$ 12 milhões. Atualmente, o terreno está avaliado em R$ 50 milhões. Na Justiça corre uma Ação Popular contra a negociata. São informações públicas, portanto.

Agora, o mesmo Gregório Marin Preciado, volta a aparecer, com envolvimento no caso do inexistente Dossiê inventado pela revista Veja. Dois jornalistas de alta credibilidade, Luiz Carlos Azenha (Correio Brasiliense) e Luiz Nassif apuraram que não existe dossiê nenhum e sim um livro intitulado “Os porões da Privataria”, que vem sendo pesquisado há dez anos pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr, baseado em documentos oficiais, de um processo que o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira (homem forte do Banco do Brasil nas operações das privatizações) move contra ele, Amaury.

Amaury mostra a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sérgio recebeu pela privatização. Num outro documento, aparece o ex-sócio e primo de Serra, Gregório Marin Preciado, no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sérgio. As relações entre o parente de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.” .

Ilha do Urubu, Paulo Souto, R$ 10 milhões, Gregório Marin Preciado, Serra, lavagem de dinheiro da privataria, Gregório Marin Preciado, R$ 10 milhões. Aí estão as ligações perigosas. Há mil razões para Serra (PSDB) se aliar a Paulo Souto (DEM) na Bahia.

Nas denúncias apresentadas na Justiça baiana, pelo advogado César Oliveira, informa-se que: “O senhor Gregório Marin Preciado responde a uma ação penal do Ministério Público Federal por uma dívida de R$ 55 milhões, que foi perdoada irregularmente pelo Banco do Brasil. Ele tomou também um empréstimo de R$ 5 milhões no Banco do Brasil e deu a Ilha do Urubu como garantia, enquanto litigava com a família Martins, disputando a posse da Ilha”.

O aprofundamento das relações de Paulo Souto, então governador da Bahia, com Gregório Marin Preciado, cujo nome aparece amplamente nas denúncias que estão circulando, passou pela doação da Ilha do Urubu e pela privatização da Coelba. É que o “Espanhol”, como Gregório Marin Preciado é conhecido nas rodas das privatizações, é o representante da Iberdrola no consórcio que papou a baiana Coelba, a pernambucana Celpe e a potiguar Cosern.

Esse é que é o verdadeiro dossiê, saído das páginas de um processo na Justiça da Bahia.

Paulo Souto (DEM) vai ter muito o que explicar nestas eleições...

O jornalista, escritor e professor Emiliano José (PT) tem em mãos uma pesquisa completa sobre as ligações perigosas de Paulo Souto.
 
 
Tenha Medo do que vem por ai...

DÁ SÉRIE: TENTANDO ENCOBRIR AS MENTIRAS DEMoTUCANAS



PIG 

No mínimo os parlamentares do PSDB estão achando que o povo é burro. Veja bem a última que José Serra inventou;O deputado Gustavo Fruet (PR) protocolou, no início da noite de ontem, um pedido na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, presidida pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), senador acusado de ser o pai do mensalão em Minas, e que junto com Marcos Valério meteu a mão no cofre público e ainda responde a vários processos, para que sejam convidados a depor o delegado federal aposentado Onézimo das Graças Sousa, que ontem declarou ao jornal O Estado ter ligação com o tucano José Serra, e o ex-agente de inteligência da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo

Eduardo Azeredo (PSDB) e o deputado Gustavo Fruet (PR), declararam que não está previsto, e nem serão chamados para depoimento os jornalistas Luiz Lanzetta e Amaury Ribeiro Jr., que pediram para depor sobre o assunto e serem acareados com o delegado federal aposentado Onézimo das Graças Sousa.Para os tucanos, não há necessidade de acareação

Amarelaram por que?

Ou seja, o PSDB vai convocar apenas os amigos do José Serra para, sob os holofotes da TV,tomar um chá das cinco em Brasilia.O PSDB está com medo do que? Se o o PSDB fosse um partido sério chamaria o Amaury Ribeiro Jr. isso mostra que os tucanos estão morrendo..

terça-feira, 8 de junho de 2010

Globo perde audiência...

O efeito Serra, dossiê, Lina Vieira, Cpi da Petrobras, etc...etc....



A TV Globo teve no mês de maio a menor audiência da sua história na Grande São Paulo, o maior mercado do país: 16,3 pontos. A audiência caiu meio ponto em relação a abril e dois pontos em relação a setembro do ano passado. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na região. Os dados são da coluna Ooops!, do UOL.

Saiba mais: Tijolaço.com

ENTREGA DEMoTucana DO BRASIL A AMIGOS E AO CAPITAL ESTRANGEIRO

Introdução ao livro de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet.



"Os porões da privataria"


Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)

Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

É só o começo, imagine quando o livro for lançado.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

DÁ SÉRIE: RECORDAR É VIVER 01

Criações DEMoTucanas 01
 
LEMBRA DA LINA VIEIRA

Lula desafiou Lina Vieira a mostrar agenda para provar encontro com Dilma, até hoje não apareceu a agenda e os DEMosTucanos e o PIG sumiram com LINA.

DA SÉRIE: A CASA CAIU 1



A FABRICA DE DOSSIÊS TUCANA...

Terra Magazine
Segunda-feira, 7 de junho de 2010

O secretário nacional de comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR) rebateu os ataques à campanha da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, e evocou o passado do ex-diretor de inteligência da Polícia Federal, Marcelo Itagiba, para vincular José Serra a uma tradição de dossiês contra adversários. “Serra se comporta como aquele que bate a carteira e sai gritando: pega ladrão!”, ironiza Vargas.

“Para falar desse pseudo-dossiê sobre as ligações da filha dele (Verônica) com Daniel Dantas, basta Serra procurar o Google. Está no Google! Não existe dossiê. Mas a verdade é que Serra tem tradição de dossiês, não o PT. Basta lembrar de Marcelo Itagiba. Corre por aí que ele também coordenava dossiês contra o PT. É só procurar as notas que saíam nos jornais.

Eleito pelo PMDB e filiado ao PSDB desde outubro de 2009, o deputado federal Marcelo Itagiba (RJ) desempenhou papel de investigador nos depoimentos sobre a Operação Satiagraha, na CPI dos Grampos. Mas ele próprio havia sido denunciado por arapongagem contra a então pré-candidata à Presidência da República, Roseana Sarney, atingida nas vísceras pela operação “Lunus”, em 2002.

Em março daquele ano, a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão em dinheiro na empresa Lunus, de Roseana e Jorge Murad. Vinculou-se a grana a fraudes na Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). A imagem das cédulas definhou a candidatura Roseana.

Na sequência da operação da PF, o senador José Sarney alardeou uma trama suja para favorecer a campanha de Serra – o que envolvia a montagem de um dossiê no Ministério da Saúde. O peemedebista teria alertado ao presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o vaivém de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no Maranhão, Piauí e Pará, para fuçar a vida de sua família.

Em 20 de março, Sarney realizou um dos mais duros discursos de sua vida parlamentar, em defesa da filha. Da tribuna, afirmou que “o Ministério da Saúde, em vez de tratar das epidemias, dá prioridade às coisas de inteligência e espionagem.”

Itagiba foi personagem reincidente no discurso de Sarney:

“A imprensa em quase sua totalidade publica que esse mesmo grupo está conectado para essas ações políticas na Polícia Federal e no Ministério Público citando o delegado Marcelo Itagiba, ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal, ex-chefe do grupo de inteligência que se formou no Ministério da Saúde e que é, atualmente, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e o Procurador José Roberto Santoro”.

Em nota pública, Serra reagiu aos ataques: “As insinuações que o senador Sarney fez a meu respeito foram todas, sem exceção, inconsistentes, irrelevantes e até mesmo alopradas.”

André Vargas, secretário de comunicação do PT, reaviva a história no dia em que José Serra acusa a oponente Dilma de ser a responsável política por um dossiê contra sua filha, Verônica Serra. “A principal responsabilidade por esse novo dossiê é da candidata Dilma Rousseff, disso eu não tenho dúvida”, declarou o tucano.

Procurado em seu gabinete, Itagiba não retornou os telefonemas para comentar as declarações do secretário petista. “Montaram dossiê contra Sarney, em 2002. E mais uma: Serra esquece que eles (do PSDB) fizeram um grampo ilegal no processo de privatização. (O ex-governador do Ceará) Tasso Jereissati também foi vítima de grampo”, complementa Vargas.

O deputado federal sustenta que, na campanha de Dilma, não há uma disputa interna entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o vice-presidente do PT, Rui Falcão. “Não existe. Pimentel está se dedicando a outro projeto, que é definir sua candidatura ao governo ou ao Senado em Minas Gerais. É difícil compatibilizar. E o Rui Falcão tem participado da campanha. Tentaram criar essa divisão. Agora, o coordenador é o (José Eduardo) Dutra. E estamos aguardando a definição do Pimentel”, relata.

Vargas defende que “a vida do candidato tem que ser pública”, numa campanha eleitoral. “Dossiê é conversa fiada. É procurar no Google”.

Saiba mais: O Rei do Dossiê


No modorrento feriado de Corpus Christi, os leitores dos jornais foram inundados com informações sobre uma trama que envolveria a fabricação de dossiês contra o candidato tucano à Presidência, José Serra, produzidos por gente ligada ao comitê da adversária Dilma Rousseff. O time de espiões teria sido montado pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da agência Lanza, responsável pela contratação de funcionários para a área de comunicação da campanha petista.

Por Leandro Fortes, na CartaCapital - http://www.cartacapital.com.br/app/index.jsp

O primeiro desses documentos seria um relatório sobre as ligações de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB, com Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Uma história tão antiga quanto os dinossauros e já relatada inúmeras vezes na última década, inclusive porCartaCapital.

A notícia sobre o suposto dossiê, que ninguém sabe dizer se existe de fato, veio a público em uma reportagem confusa da revista Veja e ganhou lentamente as páginas dos jornais durante a semana até ser brindada com uma forte reação do PSDB e de Serra.

Na quarta-feira 2, o pré-candidato tucano acusou Dilma Rousseff de estar por trás da “baixaria” e cobrou explicações. A petista disse que a acusação era uma “falsidade” e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, informou que a cúpula da legenda havia decidido interpelar Serra na Justiça por conta das declarações.

Os boatos sobre a fábrica de dossiês parecem ser fruto de uma disputa interna entre dois grupos petistas interessados em comandar a estrutura de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, um ligado a Lanzetta, outro ao deputado estadual Rui Falcão. A origem dessa confusão era, porém, desconhecida do público, até agora.

CartaCapital teve acesso a parte do tal “dossiê” que gerou toda essa especulação. Trata-se, na verdade, de um livro ainda não publicado com 14 capítulos intitulado Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

O livro descreve com minúcias o que seria a participação de Serra e aliados tucanos nos bastidores das privatizações durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. É um arrazoado cujo conteúdo seria particularmente constrangedor para o pré-candidato e outros tantos tucanos poderosos dos anos FHC.

Entre os investigados por Ribeiro Jr. estão também três parentes de Serra: a filha Verônica, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Está sendo produzido há cerca de dois anos e nada tem a ver com a suposta intenção petista de fabricar acusações contra o adversário.

Arapongas contra Aécio

É essa a origem das informações sobre a existência do tal “dossiê” contra a filha de Serra. E a razão de os tucanos terem lançado um ataque preventivo às informações que constam do livro. De fato, Ribeiro Jr. dedicou-se a apurar os negócios de Verônica. Repórter experiente com passagens em várias redações da imprensa brasileira, Ribeiro Jr. iniciou as apurações a pedido do seu último empregador, o Grupo Diários Associados, que congrega, entre outros, os jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas.

Hipocrisia EUA/Israel - Parte 2

O isolamento delinquente da direita israelense é uma ameaça



 
O truque retórico de que só a direita israelense garantiria o “nunca mais” contra os judeus do mundo converte-se a passos largos num isolamento delinquente. Desde o triste fim de dezembro de 2008 que o governo israelense decidiu dar as costas para o mundo, inclusive ao seu aliado de sempre, os EUA. E quando se pensa que o pior já chegou, Netanyahu prova que não, abusando do passado, ofendendo a memória e agredindo o mundo, em águas internacionais. A névoa de desinformação e delinquência que a direita israelense vem protagonizando é uma ameaça a Israel.

Editorial - Carta Maior

Há mais de oito anos, a ex-ministra da educação e cultura do governo Yitzhak Rabin Shulamit Aloni denunciou os métodos eleitorais do partido de Benjamin Netanyahu. Era a segunda edição do Fórum Social Mundial, num encontro pela paz entre ativistas israelenses e palestinos. Aloni era convidada e na sua intervenção fez um histórico do movimento sionista, com o propósito de esclarecer as coisas e cessar os abusos.

O abuso do anti-semitismo é algo que prolifera em cada episódio ofensivo do estado israelense contra os palestinos. Aloni disse, naquela ocasião, que parte do anti-semitismo das últimas décadas derivava de um grande mal entendido a respeito do sionismo. Um mal entendido cuja responsabilidade parcial ela atribuiu ao abuso cometido contra a memória de sofrimento e perseguição dos judeus europeus, sobretudo por parte do nazismo alemão.

As peças impressas das campanhas eleitorais dos candidatos do partido de Benjamin Netanyahu, o Likud, usavam imagens dos campos de concentração e pediam o voto para aqueles que garantiriam a certeza do “nunca mais”. Este tipo de abuso é menos conhecido e se constitui por meio de uma operação ao mesmo tempo sutil e racional – ao contrário da imbecilidade hedionda do anti-semitismo – de justificação de um projeto expansionista e autoritário.

A condição de vítima não funda a política e menos ainda a moral. Ambas, tanto a política como a moralidade, exigem como condição de possibilidade uma tomada de partido quanto à responsabilidade de um agente. A condição de vítima explica, mas não justifica. E por essa razão é trivial a expectativa de que abusados se tornem abusadores, embora também o seja a de que abusadores devam ser punidos, ontem, hoje e sempre.

Israel existe porque o movimento sionista implicou uma tomada de decisão, a responsabilização pela própria história do povo judeu e a vontade política de formação de um lar nacional. Não era, sobretudo até a consolidação do horror nazista, um movimento de traços estritamente religiosos e menos ainda intolerante com outros povos e manifestações religiosas. Em 1955, sete anos após a fundação do estado de Israel, o filósofo liberal inglês Isaiah Berlin escreveu As Origens do Estado de Israel, texto em que diz o seguinte:

“Qualquer um que desejar compreender a estrutura política de Israel deve estudar a história das idéias liberais do século XIX na Europa, e depois a história dessas idéias tal como se refletem na mente dos liberais e socialistas russos...Há uma ligação direta entre os socialistas-revolucionários russos e os primeiros colonos judeus na Palestina, com sua crença à Rousseau no poder curativo do contato com o solo, e suas afinidades com os estudantes russos que desejam 'estar entre o povo' nas décadas de 1870 e 1880. Os dois grupos acreditavam na vida no campo, no contato com os camponeses, numa existência saudável...numa fuga a fatores moralmente destrutivos para pessoas deformadas e mutiladas pelo desenvolvimento particular da moderna sociedade que ambos – num caso os intelectuais, no outro, os judeus – experimentavam, a saber, uma situação anormal de isolamento da maioria bárbara e o risco de ser por ela perseguido”.

Houve muitas outras influências, sempre houve direita, mas não se falsifica em nada a história do estado de Israel como um projeto político, majoritariamente socialista, que a esquerda do mundo celebrou e reivindicou. A criação do estado de Israel é apontada pelo filósofo inglês como uma refutação do determinismo, do materialismo vulgar e do antimaterialismo místico. Fiquemos com a primeira das refutações, porque é dela que se faz a história e a Política.

É por isso que a névoa de desinformação e delinquência que a direita israelense vem protagonizando é uma ameaça a Israel. É verdade que desde 1967, quando territórios palestinos foram ocupados, contra a lei internacional e contra o Sistema ONU, a solidariedade internacional ao estado de Israel vem decrescendo. É verdade que o vergonhoso muro de anexação de parte da Cisjordânia, erguido ao custo da aniquilação de cidades, famílias e modos de vidas segue ofendendo e abusando da luta dos judeus humanistas e do sionismo. É verdade que a condição de parceiro da agenda estadunidense sobre o Oriente Médio tem sido usada para alimentar um racismo de ocasião e uma paranóia oportuna a todo tipo de defesa, sobretudo se implicar o uso das armas, da humilhação e da perseguição política, como expedientes “defensivos”. É verdade que a desinformação militarista reforça a imagem de que a democracia israelense é uma piada sórdida.

Fato é que o bloqueio a Faixa de Gaza estabelece um novo patamar de atrocidades. E que o truque retórico de que só a direita israelense garantiria o “nunca mais” contra os judeus do mundo converte-se a passos largos num isolamento delinquente. Desde o triste fim de dezembro de 2008 que o governo israelense decidiu dar as costas para o mundo, inclusive ao seu aliado de sempre, os EUA. E quando se pensa que o pior já chegou, Netanyahu prova que não, abusando do passado, ofendendo a memória e agredindo o mundo, em águas internacionais.

O truque retórico gosta de falar que “o Hamas controla Gaza”, embora na realidade o que se passa é que o Hamas foi eleito pela população de Gaza. E que Gaza é na verdade controlada por Israel, que decide o que as crianças de Gaza comerão, ou não, nas escolas – que, por sua vez, funcionarão, ou não, a depender de Israel. O passo seguinte é matar, perseguir, sequestrar quem quiser ajudar aos prisioneiros da maior prisão a céu aberto do mundo. A direita israelense está levando o movimento sionista às raias do delírio fascista, reiterando o abuso e perpetuando a vitimização ideológica, recusando-se a tomar a decisão de sair de “uma situação anormal de isolamento da maioria bárbara e o risco de ser por ela perseguido”, tranformando o "nunca mais", num "eternamente", sem história e sem Política, abraçados no antimaterialismo místico, no materialismo vulgar e no determinismo.

Saiba mais: Carta Maior

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Hipocrisia EUA/Israel

ENCONTRARAM AS ARMAS, QUE OS ATIVISTAS USARAM CONTRA OS TERRORISTAS DE ISRAEL.

AS MÃOS!


Ativistas árabes expulsos acusam Israel de brutalidade

Do: portal Terra

Ativistas a bordo de um navio com ajuda humanitária usaram bastões para se defender contra uma operação de militares israelenses, mas foram forçados a se render e amarrados, disse um dos ativistas nesta quarta-feira.

"Eles nos humilharam", disse Ahmed Brahimi, um argelino que disse estar a bordo do Mavi Marmara, palco da maior parte da violência que ocorreu durante a operação na segunda-feira.

Morreram nove ativistas no ataque, o que gerou condenação internacional e pressão crescente para que Israel suspenda seu bloqueio a Gaza.

"Israel disse que os militares que embarcaram no Mavi Marmara atiraram em legítima defesa após ativistas terem agredido-os e usaram duas armas encontradas no navio para disparar e ferir vários deles".

Não estávamos armados. Não fomos até lá para lutar, afirmou Brahimi, que se disse coordenador do contingente da Argélia a bordo do comboio. Ele conversou com a Reuters por telefone da Jordânia pouco depois de ser deportado de Israel.

Estávamos fazendo nossa oração da manhã quando os israelenses tentaram pela primeira vez entrar a bordo do navio Marmara, disse.

Usamos bastões e tudo o que encontramos para nos defender para interromper a operação. Durante a segunda operação, eles sequestraram o filho do capitão, e então nos vimos obrigados a nos entregar, disse.

"(Eles) tomaram nossos celulares, não nos deixaram usar o banheiro, nossas mãos estavam amarradas", acrescentou.

Ele disse ter visto militares israelenses disparando balas de borracha, mas não testemunhou o incidente no qual usaram balas de verdade. Brahimi disse que ele e outros ativistas foram retirados do barco no porto da cidade de Ashdod e levados a um presídio.

Eles nos pediram para assinar um documento em hebraico, disse. "Nós, os argelinos, nos negamos a assinar o documento porque não entendemos hebreu e, mais do que isso, porque não reconhecemos Israel".

Em uma ação, que teve apoio dos EUA, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas pediu uma investigação imparcial sobre as mortes.

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