----------------------------------------------------------------------------------------
Após um feriado prolongado como esse, período que nos faz refletir sobre nosso papel no mundo, tempo onde temos momento para buscar nosso entendimento nessa vida. Onde querem-se, o viver de figurante ou principal? Logo com isso recomendo a leitura desse artigo de Enilton Fernando, que discorre de forma clara e concisa a os efeitos do tempo sobre as pessoas, boa leitura.
----------------------------------------------------------------------------------------
O SENTIMENTO DA MEIA-IDADE: O ADULTO INACABADO
“As pessoas não mudam se não derem a ela uma razão”. (¹)
Enilton Fernando / Julho/2007
“As pessoas não mudam se não derem a ela uma razão”. (¹)
Enilton Fernando / Julho/2007
A educação só e completa quando procura dar uma resposta aos problemas que a vida apresentará. O desabrochar traz inquietações, crises afetivas tumultuosas, desilusões, causando impotência em satisfazer aspirações do ser, é uma incógnita e um apelo a um ideal de perfeição.
Acabo de percorrer um longo caminho no decorrer do qual minha representação de mim mesmo e do mundo, modificou-se de tal maneira que por vezes tenho a sensação de ser outro ser vivendo em outro mundo. Entretanto, não me tornei outro, simplesmente me desfiz de uma ilusão, reduzindo aquela comédia a que me obrigava meu personagem.
Continuo a viver no mesmo universo, mas a visão que tenho dele alargou-se e o vejo com novos olhos. Comecei a me libertar daquele antigo sentimento de culpa que me tornava insuportável qualquer discrepância com o meu ambiente e que despertava em mim sentimentos análogos aos que tinha na minha infância, quando desajeitadamente tentava me auto-afirmar desobedecendo às ordens dos meus pais.
O sentimento de culpa de outrora, que durante muito tempo fez parte do meu mundo interior, continua presente, pronto para despertar: Ele me impele a retroceder e a refugiar-me naquele estado de conformidade que me proporciona a segurança de um acordo com o meu meio pelo medo do preço que deverei pagar para reencontrar o bem-estar comigo mesmo. Todavia, há momentos em que a agente se encontra tão embalado que qualquer recuo se torna impossível, momentos em que o sentimento de traição de si é de tal forma intenso que constitui o próprio motor de crescimento.
É esse homem fascinado, que muitas vezes sofre no casulo do “eu” dos vícios dissolventes que aniquilam lentamente, ora de dentro para fora, através de paixões, ora outras de fora para dentro, graças as minhas indisciplinas e rebeldias que me desgovernam.
Continuando minha trajetória, percebo que tenho a capacidade para estabelecer novos referenciais que já não me podiam ser fornecidos por valores que se tornaram demasiadamente estranhos para mim. Ao renunciar à ilusão da aparência pude empreender a exploração das riquezas do meu ser. Renunciando à ordem do mundo exterior e aceitando provisoriamente a minha desordem interior, senti emergir de mim mesmo o significado da minha existência. Essa experiência me apresenta novas perspectivas sobre o funcionamento da minha personalidade e me leva a uma revisão dos meus critérios de realização pessoal.
Esse entretenimento intelectual e sentimental impulsiona-me para a vida futura. Nesse momento o coração deixa-se perturbar pela imaginação. Contudo, devemos encarar esse momento com olhar puro a nós mesmos, a nossa necessidade de ideal, por que essas energias são peculiares e não devem ser reprimidas, mas bem governadas. Porque o meu ideal é progredir.
É preciso esforçar-se em aprender a arte de fazer o bem e de ser útil ao próximo, de nutrir afetos profundos e iluminados. Não devemos reproduzir atitudes superadas, por que a vida requer movimento.
Não devemos manter uma distância tímida ou orgulhosa para com as pessoas que cercam e que se interessam por nós e desejam o nosso bem-estar. É uma atitude lamentável a de isolar-se, de ostentar indiferença e insensibilidade. Quem se crê auto-suficiente, não se preocupa com o próximo, nem procura algo que lhe cause satisfação com quem quer que nos cerque.
Uma boa dose de educação dos sentidos nos propõe orientar a consciência de tal modo que o permanente respeito mútuo e a boa compreensão resguardem um ao outro, até o dia em que a vida, destruindo os obstáculos fictícios, imponha um conhecimento recíproco.
Essas matizes de respeito e de limites que raramente existem nas relações, são admiráveis. Esse esforço de vontade e de consideração só se obtém com um sério autocontrole.
Trata-se agora de dar um novo passo adiante neste aprendizado, devendo lutar para conservar o equilíbrio interior, saber inspirar respeito, franqueza e simplicidade. Obtidas essas qualidades, elas se completam num caráter disciplinado. Esse método é prático, tônico e vivificante.
Senti que a troca honesta de experiências nos havia sido útil. Então decidir selecionar algumas histórias e obter novas de outra parte das buscas de novos conhecimentos e das várias experiências de que ouvir a voz da consciência pode dar início a uma nova maneira de conviver com os outros. O meu objetivo é de deixar as pessoas falarem tão abertamente quanto possível e reduzir ao mínimo meus comentários e aguçar minhas observações.
Nunca é cedo para te preparares para assumir e para adquirir virtudes mais profundas e resistentes. Vá em frente.
Enilton Fernando Batista de Souza: Bacharel em Administração e Planejamento Municipal, pela Faculdade POLIFUCS - Ba., MBA em Administração pela UNIFACS e Professor em Educação Contextualizada Multiutilarista. E-mail: eniltonfernando@hotmail.com
(¹) Frase do filme “Superando os Limites” de Mondance Alexander