segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Diagnóstico da Privatização de Gestão do PSDB em São Paulo

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O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), está apreensivo com os desdobramentos da cassação do mandato do prefeito Gilberto Kassab, com quem conversou ao telefone. De acordo com a Folha Online, entre tucanos e democratas, a orientação foi a de evitar contaminação política, ao restringir o problema ao campo técnico. Além da prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), as seguidas enchentes enfrentadas pela população paulistana provocaram desgaste na administração Kassab justamente no momento em que Serra, que deve contar com o apoio do democrata, reúne coragem e garantias para trocar a hipótese de reeleição por uma disputa que promete ser difícil pela Presidência da República.

O Inferno dos DEMoscratas!

O Demo Demóstenes Torres (DEM-GO), fez "duras críticas" ao presidente nacional do partido Rodrigo Maia, pela postura que tem adotado nos casos da descoberta corrupção que envolvem José Roberto Arruda, e parlamentares filiados ao seu partido.


"A omissão do presidente nacional do DEM é no mínimo um ato de covardia", disse o presidente da CCJ do senado. Demóstenes Torres acrescentou que todo o partido tem cobrado "dioturnamente" uma posição mais firme de Rodrigo Maia diante de uma situação que "extrapolam os limites do governo do Distrito federal e atingem o partido nacionalmente", admitiu o Demo.

Veja mais: http://partidodemocratas.blogspot.com/2010/02/descobertos-demos-disfarcao-e-fingem.html

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Brizola Neto, deputado federal pelo PDT-RJ, lança o aviso: "prestem atenção nas Malvinas, diz respeito ao Brasil".






Depois da reativação da Quarta Frota dos EUA (voltada para o sul), o decadente imperialismo britânico também parece deslocar seus olhos para bem perto de nós. A turma da rainha quer tirar petróleo das ilhas Malvinas.

Brizola lembra que a extração de petróleo ali parece anti-econômica. Não seria uma operação empesarial, mas uma operação de cunho geo-político. Eles querem ficar mais próximos do nosso pré-sal. E, com as bases, devem vir os navios de guerra. "Do ponto de vista militar é muitíssimo pior do que as bases americanas na Colômbia", diz o deputado.

Confira o texto publicado no Tijolaço, o blog do Brizola  http://www.tijolaco.com/?p=9376

Esta aí na foto é a plataforma de exploração Ocean Guardian – que não se perca pelo nome - que está sendo rebocada e chega até o final do mês às Ilhas Malvinas. É a primeira das plataformas enviadas para retirar petróleo ao largo das Ilhas Malvinas. Serão perfurados oito poços exploratórios.

Qualquer pessoa com conhecimentos básicos de logística de petróleo sabe que esta operação custará uma fortuna de centenas de milhões de dólares. Não existe base de terra minimamente próximas para essas plataformas, o que aumenta de forma gigantesca os seus custos. Cada equipamento e cada trabalhador terá ser trazido de milhares de quilômetros de distância e nem mesmo aeroporto capaz de suportar vôos intercontinentais há na ilha, onde a maior pista é de 900 metros, 400 metros menor que a do nosso Santos Dumont. Fala-se em trazer materiais construir uma cidade para os trabalhadores. Da Inglaterra às Malvinas a distância é de mais de 12 mil quilômetros, em linha reta. Evitando as águas territoriais brasileiras, mais de 16 mil quilômetros.

Logo, um investimento desta monta não é feito senão com indícios de uma grande quantidade de óleo, que o torne economicamente viável e lucrativo para as empresas petroleiras.

E se há petróleo em quantidade, haverá, tão certo como dois e dois são quatro, proteção militar a esta riqueza. Ou alguém acha que os ingleses vão deixar torres, terminais e navios ao alcance da aviação argentina em meia hora de vôo, sem proteção bélica?

E aí, meus amigos, estaremos diante de um dos maiores pesadelos militares que possamos ter: uma base militar aeronaval no Atlântico Sul, a pouco mais de três mil quilômetros – alcance de aviões de caça – de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Sem falar na região do pré-sal. Do ponto de vista militar é muitíssimo pior do que as bases americanas na Colômbia.

O Brasil precisa entrar já nesta questão, diplomaticamente, antes que o impasse entre Londres e Buenos Aires se agrave mais ainda. Para começar, deixando claro que não aceitará a implantação de qualquer base militar extra-continental no Atlântico Sul. Não podemos tolerar a militarização de nossas vizinhanças e nem pretender sacrificar o povo brasileiro sendo obrigado a organizar defesas correspondentes a elas.

Esta história de petróleo nas Malvinas, eu venho dizendo aqui, se confirmada, vai ser um dos maiores impasses diplomáticos e militares que o nosso país terá de enfrentar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mais uma da rede gLOBO!

Do Bahia de Fato:

No Carnaval, a Globo matou a liberdade de imprensa

"Globo esconde Dilma do noticiário". A manchete eu encontrei no site "Os Amigos do Presidente Lula". Isso é grave porque significa um ataque frontal à liberdade de imprensa. Censura tão explícita assim é muito grave para uma empresa que vive de concessão pública. Ao contrário de Bóris Casoy, que odeia garis, pobres e "sujos", Dilma Roussef dançou em plena avenida com um gari.

LEIA O TEXTO:


 
"Um gari tirar uma candidata a presidente para dançar é notícia, no mínimo curiosa, em qualquer lugar do mundo, no entanto a TV Globo se recusou a levar a notícia ao ar, preferindo dar notícias sobre "celebridades" estrangeiras de menor importância para o interesse do brasileiro, como Paris Hilton, que estava ali em campanha promocional, sendo paga como garota propaganda de uma cervejaria.

A Rede Globo faz com Dilma Rousseff o que fazia com Brizola no passado: ela está sendo banida do noticiário (a não ser quando há notícias contra ela).

A Globo mostrou Madonna no carnaval do Rio e teve o descaramento de cortar das imagens a ministra Dilma, que passou o carnaval no mesmo camarote da cantora.

Madonna foi ao ar nos noticiários locais RJTV, nos nacionais: Jornal Hoje, e Jornal Nacional, mas em todos eles a câmara da Globo cortou cenas onde a ministra Dilma apareceria.

Me lembro de uma entrevista de Brizola em que ele usou uma metáfora para descrever a Globo: ele dizia que a Globo agia como se fosse uma concessão de linha de ônibus, que teria obrigação de transportar todos os passageiros, mas se recusava a transportar quem ela discriminava".

http://bahiadefato.blogspot.com/

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Parabéns ao Partido dos Trabalhadores


O PT completa hoje 30 anos. No dia 10 de fevereiro de 1980, gente das mais diferentes origens reuniu-se no colégio Sion, em São Paulo, para tomar a decisão que mudou a história política do Brasil. O PT na origem era um pequeno partido, com uma imensa vontade de crescer. O PT de hoje governa o Brasil, cinco Estados e mais de 500 prefeituras. Homenageamos todos os que tiveram a coragem de tomar essa decisão. Especialmente os que pagaram com a vida a determinação de lutar.

Três décadas construindo a democracia no Brasil, trajetória construída paulatinamente e marcada por luta pelos direitos sociais, defesa dos interesses nacionais, do desenvolvimento nacional e da integração latino-americana. No 30º aniversário, celebramos um partido democrático, popular e socialista que soube unir setores diferentes da esquerda democrática num projeto transformador da sociedade brasileira.

A ousadia de fundar um Partido dos Trabalhadores ocorreu num momento em que o sistema político bipartidário da ditadura estava esgotado, quando as lutas sociais, clamando por mudanças, exigiam novas opções partidárias. Sofremos críticas sobre supostas divisões no campo democrático, mas o tempo encarregou-se de confirmar a importância histórica do projeto do PT. Um partido que nasceu com um projeto de uma nova democracia política, oriundo das lutas sindicais e populares para construir um país justo e democrático, defensor de nossa soberania, de nossas riquezas e do interesse público.

A militância superou os desafios da montagem da estrutura do partido, enfrentando a legislação draconiana do governo militar. O partido cresceu de maneira orgânica e amadureceu até chegar à compreensão plena da importância estratégica das alianças, decisivas para quem quer realizar um projeto transformador.

Em sua trajetória histórica, como ente coletivo, o PT refletiu e mudou, mas nunca mudou de lado, como mostram as conquistas do governo Lula. Temos hoje 1 milhão e 300 mil filiados que acreditam no projeto e militam para que ele prossiga.

Um traço dessa história militante do PT é a capacidade de apontar para o partido e para a sociedade objetivos ousados, porém plausíveis. O crescimento do PT resultou de sua capacidade de construir suas teses a partir das lutas reais do povo. Como na Constituinte de 1987, uma pequena bancada de 16 deputados e nenhum senador se agigantou apoiada na mobilização popular.

Ao longo de sua trajetória, o PT soube usar essa característica para, com seus militantes, mobilizar e conquistar. Empunhamos bandeiras históricas, como a da luta pela terra, pela saúde, pela educação, pelo emprego, pelos direitos humanos, pela integração continental, pela defesa das minorias e contra a discriminação. Assim, superamos o dilema de ser partido de massas ou de quadros e nos fortalecemos como canal de representação e de participação de milhões de brasileiros.

Trinta anos de ampliação dos espaços de cidadania, rompendo com modelos populistas e com as fórmulas prontas -algumas importadas- para os problemas nacionais. Reinventamos o funcionamento do partido com as cotas de mulheres nas direções, os setoriais temáticos e as eleições diretas partidárias, o PED. O PT sempre valorizou o conceito de militância, grande insumo de nossa renovação.

Dessa forma avançamos, chegamos às prefeituras e aos governos estaduais, ampliamos as bancadas parlamentares e as bases sociais, até a vitória histórica de Lula em 2002. As grandes bandeiras de nossa luta foram materializadas no governo Lula, que colocou o Brasil no rumo da redução acelerada das desigualdades sociais e regionais, ampliando a renda interna, gerando um mercado de massas, criando empregos e políticas públicas transformadoras, arquivando a teoria do Estado mínimo, que tantos males causou ao Brasil.

O governo do PT mudou a imagem do país, levando-o a um novo patamar no cenário mundial. Lula é referência internacional.

Nossos militantes, com os partidos aliados, preparam-se agora para construir um programa que garanta as mudanças implementadas pelo governo Lula, aprovadas por mais de 80% da população, e apresente novas metas ao povo brasileiro. Desejamos consolidar o projeto democrático popular colocado em prática pelo governo Lula, mas aprofundando e acelerando os avanços conquistados.

Aos 30 anos, o PT olha para sua história com o orgulho de quem ajudou a construir a democracia e hoje lidera o governo mais popular da história do Brasil. Mas olhamos para a frente com a humildade de quem sabe que na política cada desafio vencido abre dezenas de novas responsabilidades.

Viva o PT!

José Eduardo Dutra é geólogo, ex-senador da República (PT-SE), ex-presidente da Petrobras, é o novo presidente do PT.
Ricardo Berzoini, 50, bancário e deputado federal (PT-SP), conclui hoje seu mandato de presidente do PT
Artigo publicado na coluna Tendências / Debates do jornal Folha de São Paulo, edição de 10/02/2010.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Enquanto isso!
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A LUTA DO PAULISTANO PARA CHEGAR AO TRABALHO...

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UMA SUGESTÃO PARA O DESGOVERNO DEMO/TUCANO!

 A MARCHA DO BRASIL RUMO 1º MUNDO

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O SERVILISMO DO BRAZIL AO 1º MUNDO














Por Valter Pomar




A oposição de direita, no Brasil, está exultante: a eleição chilena seria a demonstração de que é possível derrotar uma candidatura apoiada por um governo bem avaliado por mais de 80% da população.



A direita européia também está contente: a eleição de Piñera (e, antes dele, do presidente do Panamá) demonstra que o modelo sarkozy-berlusconiano está fazendo escola. Filhote do pinochetismo e enriquecido pela privataria, Piñera é uma demonstração do que os capitalistas entendem por “igualdade de oportunidades”.



A direita latina e norteamericana está igualmente feliz: derrotados desde 1998 na maioria das eleições do subcontinente e recém derrotados nas disputas presidenciais ocorridas no Uruguai e Bolívia, os conservadores podem apresentar o caso chileno como demonstração de que é possível reverter, nas urnas, “civilizadamente”, sem golpes, a hegemonia da centro esquerda sulamericana.



Mas felizes mesmo estão os “gorilas” chilenos, que comemoraram ruidosamente, inclusive agitando nas ruas fotografias do falecido ditador, a derrota da Concertación. É a primeira vez, desde a década dos 1950, que a direita chilena consegue maioria eleitoral.



Eles têm motivos para felicidade. E a esquerda deve botar as barbas de molho.

Em primeiro lugar, porque a vitória de Piñera fortalece o bloco de governos alinhados com os Estados Unidos e opositores da integração continental. Colômbia e Peru ganham, assim, um aliado importante.



Em segundo lugar, porque esta vitória não é um fato isolado. Ela faz parte de uma contra ofensiva desencadeada pela direita latinoamericana, apoiada pelo governo dos Estados Unidos e pela direita da União Européia. Esta contra ofensiva inclui os ataques contra os “elos fracos” da rede de governos progressistas, como é o caso de Honduras; inclui o fortalecimento e a extensão da presença militar estadounidense na região, a exemplo das bases na Colômbia e da quarta frota; e inclui uma provocação permanente contra a Venezuela.



Em terceiro lugar, mas principalmente, porque a derrota chilena foi produto combinado dos acertos da direita, com os erros da esquerda.



Já se falou muito no mais óbvio destes erros: a esquerda chilena participou do primeiro turno das eleições dividida entre três candidaturas presidenciais.



E, no segundo turno, uma destas candidaturas titubeou no apoio a Eduardo Frei.Também já se falou de outro erro óbvio: ao contrário da eleição anterior, quando percebeu a necessidade de mudança e lançou Bachelet, desta vez a Concertación foi hiper conservadora. Escolheu como candidato um democrata cristão, ex presidente chileno, com idéias radicalmente moderadas, abrindo uma imensa brecha para que a campanha de Piñera pudesse ter como slogan a palavra: “mudança”.



Os erros acima têm relação, é óbvio, com a estratégia geral seguida pelos setores majoritários da esquerda chilena. Esta estratégia foi eficaz no quesito “governabilidade”, mas ineficaz nas “mudanças estruturais”. Isso se expressou, por um lado, na incapacidade de alterar os parâmetros constitucionais herdados do período Pinochet. E, por outro lado, numa política econômica que não foi capaz de superar a desigualdade social.

A influência desta estratégia moderada explica muito, mas não explica tudo. Afinal, foram cinco eleições e quatro vitórias. Neste sentido, há que considerar os acertos da direita (sempre forte e desta vez unificada), a fadiga de material (quatro governos seguidos) e algumas mudanças político sociológicas ocorridas na sociedade chilena.



Há um quarto elemento, contudo, que deve ser estudado com atenção. Em 1973, o golpe não surpreendeu ninguém. Em 2009-2010, a derrota estava visível no horizonte. As situações são profundamente distintas, mas vale questionar por qual motivo – nos dois casos- a esquerda chilena, mais exatamente seu setor majoritário, foi incapaz de fazer uma correção de rumo.



Entre os vários motivos, cito um que pode ser encontrado nos mais diferentes países e matizes da esquerda: certa tendência a maximizar os feitos e minimizar os defeitos. Cuja acumulação, como sabemos, transforma quantidade em qualidade.



Para além do balanço acerca da derrota, é preciso preparar a resistência contra os vitoriosos. Há alguns dias, uma decisão judicial cassou a atuação legal do Partido Comunista do Chile, colocando em questão inclusive a posse de três parlamentares recém eleitos. Isso é um sinal do que vem por aí.



A batalha do Chile continua, lá e em toda a América Latina. Outubro, no Brasil, será um momento absolutamente decisivo. Aprendamos com as derrotas, para saber como evitá-las.

Valter Pomar é secretário de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Eleições 2010 - A lista da incompetência demotucanalha

Já são quase dois meses (desde 8 de dezembro) de enchentes e mortes (já chega a 70 o número de vítimas) diariamente em São Paulo. Ao lado desta tragédia ainda temos que conviver com os desastres administrativos da dupla demotucana, o governador José Serra (PSDB) e prefeito Gilberto Kassab (DEM-PSDB).

A última do Kassab foi determinar um corte na merenda das crianças carentes (orfãs ou em situação de risco): desde 1º de janeiro a compra de alimentos enviada a abrigos conveniados foi trocada por uma verba mensal de R$ 2.289,00 por entidade que abriga, em média, 20 jovens. E isso quando a receita da prefeitura cresceu 3,5% no ano passado.

Com o novo sistema, cada uma delas recebe o equivalente a R$ 3,80 para oferecer cinco refeições por dia. Vai ver que é a colocação em prática da tese defendida pelo prefeito da outra vez em que cortou o dinheiro da merenda escolar, de que criança não deve comer muito se não fica obesa...

A Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses da Infância e Juventude da capital instaurou inquérito civil para apurar os motivos da mudança. Conforme declarou a promotora Dora Martin Strilicherk ao jornal Agora SP, esse dinheiro "não dá para comprar nem uma coxinha e um suco. As crianças e adolescentes que vivem em abrigos já estão vitimizados. Agora, correm o risco de passar fome".

Ao lado dessa notícia, outra nada animadora: dados da Prova São Paulo 2009 atestam mais uma vez que continua mau o nível de aprendizado dos alunos da rede de mais de 1000 escolas da Prefeitura da capital. Nem a metade dos estudantes avaliados obteve nível satisfatório e na 8ª série, por exemplo, 91% não aprenderam o necessário e o programado em matemática.

Três exemplos perfeitos e acabados do jeito tucano de administrar.
Blog do Dirceu

"O mundo", conforme Hernán Casciari

Li uma vez que a Argentina não é nem melhor nem pior que a Espanha, só mais jovem. Gostei dessa teoria, e aí inventei um truque para descobrir a idade dos países baseando-me no 'sistema cão'. Desde meninos, nos explicam que, para saber se um cão é jovem ou velho, deveríamos multiplicar a sua idade biológica por 7. No caso de países, descobri que temos de dividir a idade histórica por 14 para conhecer a sua "correspondência humana".

Confuso? A seguir, exponho alguns exemplos reveladores:

A Argentina nasceu em 1816 -- assim sendo, já tem 190 anos. Se dividirmos estes anos por 14, a Argentina tem 'humanamente' cerca de 13 anos e meio, ou seja, está na pré-adolescência. É rebelde, se masturba, não tem memória, responde sem pensar e está cheia de acne.

Quase todos os países da América Latina têm a mesma idade e, como acontece nesses casos, eles formam gangues. A gangue do Mercosul é formada por quatro adolescentes que têm um conjunto de rock. Ensaiam em uma garagem, fazem muito barulho, mas jamais gravaram um disco.

A Venezuela, que já tem peitinhos, está querendo unir-se a eles para fazer o coro. Em realidade, como a maioria das mocinhas da sua idade, quer é sexo - no caso, com o Brasil, que tem 14 anos e é "bem grande".

O México também é adolescente, mas com descendência indígena. Por isso, ri pouco e não fuma nem um inofensivo baseado, como o resto dos seus amiguinhos. Mastiga coca e, alucinado, se junta aos Estados Unidos, um retardado mental de 17 anos, que se dedica a atacar os meninos famintos de 6 anos em outros continentes.

No outro extremo, está a China milenária. Se dividirmos os seus 1.200 anos por 14, obtemos uma senhora de 85, conservadora, com cheiro de xixi de gato, que passa o dia comendo arroz porque não mais tem dinheiro para comprar uma dentadura postiça. A China tem um neto de 8 anos, Taiwan, que lhe faz a vida impossível. Está divorciada faz tempo de Japão, um velho chato, que se juntou às Filipinas, uma jovem pirada, que sempre está disposta a qualquer aberração em troca de grana.

Depois vêm os países que são maiores e saem com o BMW do pai. Por exemplo, Austrália e Canadá. São típicos países que cresceram sob o amparo de papai Inglaterra e mamãe França, tiveram uma educação restrita e antiquada e agora se fingem de loucos.

A Austrália é uma babaca de pouco mais de 18 anos, que faz topless na praia e sexo com a África do Sul. O Canadá é um mocinho gay emancipado que, a qualquer momento, pode adotar o bebê da Groenlândia para formar uma dessas famílias alternativas que estão na moda.

A França é uma separada de 36 anos, mais puta que uma galinha, mas muito respeitada no âmbito profissional. Tem um filho de apenas 6 anos, Mônaco, que vai acabar virando garoto de programa ou bailarino... ou ambos. Ela é a amante esporádica da Alemanha, um caminhoneiro rico que está casado com a Áustria, que sabe que é chifruda, mas não se importa.

A Itália é viúva faz muito tempo. Vive cuidando de São Marino e do Vaticano, dois filhos católicos gêmeos idênticos. Esteve casada em segundas núpcias com a Alemanha (por pouco tempo e tiveram a Suíça), mas agora não quer saber mais de homens. A Itália gostaria de ser uma mulher mais parecida com a Bélgica: advogada, executiva independente, que usa calças e fala de política de igual para igual com os homens. A Bélgica também fantasia de vez em quando que sabe preparar espaguete.

A Espanha é a mulher mais linda de Europa - possivelmente a França se iguala a ela, mas perde em espontaneidade por usar tanto perfume. É muito tetuda e quase sempre está bêbada. Geralmente se deixa foder pela Inglaterra e depois a denuncia. A Espanha tem filhos por todas as partes (quase todos de 13 anos), que moram longe. Gosta muito deles, mas eles a perturbam quando têm fome, passam uma temporada na sua casa e assaltam sua geladeira.

Outra que tem filhos espalhados no mundo é a Inglaterra. Sai de barco de noite, transa com alguns babacas e, nove meses depois, aparece com uma nova ilha em alguma parte do mundo. Mas não fica de mal com ela. Em geral, as ilhas vivem com a mãe, mas a Inglaterra as alimenta.

A Escócia e a Irlanda, os irmãos de Inglaterra que moram no andar de cima, passam a vida inteira bêbados e nem sequer sabem jogar futebol. São a vergonha da família.

A Suécia e a Noruega são duas lésbicas de quase 40 anos, que estão bem de corpo, apesar da idade, mas não ligam para ninguém. Só transam e trabalham, pois são formadas em alguma coisa cujo nome ninguém sabe bem.. Às vezes, fazem trio com a Holanda (quando necessitam de maconha, haxixe e heroína); outras vezes, cutucam a Finlândia, que é um cara meio andrógino de 30 anos, que vive sozinho em um apartamento sem mobília e passa o tempo falando pelo celular com a Coréia.

A Coréia (a do sul) vive de olho na sua irmã esquizóide. São gêmeas, mas a do Norte tomou líquido amniótico quando saiu do útero e ficou estúpida. Passou a infância usando pistolas e agora, que vive só, é capaz de qualquer coisa. Estados Unidos, o retardadinho de 17 anos, a vigia muito, não por medo, mas porque quer roubar as pistolas.

Irã e Iraque eram dois primos de 16 que roubavam motos e vendiam as peças, até que um dia roubaram uma peça da motoca dos Estados Unidos e acabou o negócio para eles. Agora, foram vistos comendo lixo.

O mundo estava bem assim até que, um dia, a Rússia se juntou (sem casar) com a Perestroika e tiveram uma dúzia e meia de filhos. Todos esquisitos, alguns mongolóides, outros esquizofrênicos.

Faz uma semana, e por causa de um conflito com tiros e mortos, os habitantes sérios do mundo descobrimos que tem um país que se chama Kabardino-Balkaria. É um país com bandeira, presidente, hino, flora, fauna.... e até gente!

Eu fico com medo quando aparecem países de pouca idade, assim, de repente, que saibamos deles por ter ouvido falar e ainda temos que fingir que sabíamos, para não passar por ignorantes.

Mas aí eu pergunto: por que continuam nascendo países, se os que já existem ainda não funcionam ?

NOTA SOBRE O AUTOR:
Hernán Casciari, escritor e jornalista argentino, nasceu em Mercedes (Buenos Aires), a 16 de março de 1971. É conhecido por seu trabalho ficcional na Internet, onde tem trabalhado na união entre literatura e blog, destacado na blognovela. Sua obra mais conhecida na rede, 'Weblog de una mujer gorda', foi editada em papel, com o título: 'Más respeto, que soy tu madre'.

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